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'Shirley' mergulha na excentricidade da romancista Shirley Jackson | 2020

NOTA 8.0

Por Rogério Machado 

Eu poderia dizer que 'Shirley', novo filme da cineasta Josephine Decker presente na Mostra SP , é uma história sobre empoderamento feminino.... mas não é bem assim. Muito embora o filme dê foco ao estreitamento da amizade de duas mulheres à frente se seu tempo, a produção prefere lançar um olhar intimista nos medos e nas insuficiências dessas grandes mulheres. O longa tem um 'q' biográfico mas na realidade é livremente inspirado  na vida da escritora Shirley Jackson, que logrou êxito na década de 60 com livros e contos de horror. 


No drama Elisabeth Moss é quem vive a romancista Shirley Jackson. Ela é  casada com Stanley Hyman (Michael Stuhlbarg), um renomado professor da Bennington College. Os dois decidem abrigar em sua casa por certo período Rosie (Odessa Young) e Fred (Logan Lerman), um casal de jovens estudantes interessados por arte e literatura. Shirley encontra nessa rotina e no convívio com Rosie  a inspiração que precisava para sua mais nova obra.

A narrativa enfoca o bloqueio criativo da escritora e nas transformações que ocorrem no processo dessa criação após a chegada do casal desconhecido. Aos poucos, a conexão com Rosie toma proporções gigantescas, que chega a interferir até no seu casamento, que aquela altura parecia passar por problemas sérios, como traição e indícios de relação abusiva. A impressão que dá é que Stanley via Shirley como uma máquina de criar e não como cônjuge. O filme de Decker, baseado no roteiro de Sarah Gubbins, não explora a rotina conjugal nem outros aspectos de sua vida pessoal, mas essa impressão é endossada num jantar através da reação tempestiva de Stanley quando descobre que  Shirley voltou a escrever. 

Dizem que Shirley não era muito sociável e também  não gostava de falar com as pessoas sobre suas obras. Essa característica é salientada na pegada soturna da personagem, brilhantemente defendida pela talentosa Elisabeth Moss, que se torna o grande motivo pelo qual a produção merece ser vista. É bem verdade que a narrativa falha ao estabelecer uma conexão com o espectador (pelo menos aconteceu comigo), mas é impossível não se envolver com as performances de Stuhlbarg e Moss. Ambos não parecem simplesmente defender personagens mas se mostram verdadeiras entidades em cena. Destaco também a presença de Odessa Young, sua interação com Moss é magnética; acredito que ainda ouviremos falar  muito dessa jovem atriz. 


Vale Ver !









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