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'Valentina', um dos vencedores da Mostra SP, relata a violência que transexuais sofrem todos os dias | 2020

NOTA 8.0

Por Rogério Machado 

O que te incomoda na minha liberdade? Desabafa Valentina ao ser acuada , numa tentativa de ser impedida de continuar seus estudos em uma pequena cidade do interior de Minas, após descobrirem que a menina é transexual. O longa de estreia do cineasta mineiro Cássio Pereira dos Santos, premiado na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, aborda os dilemas pelos quais pessoas transgênero passam todos os dias: coisas simples como usar um banheiro público ou a adoção de um novo nome se tornam verdadeiras muralhas que são erguidas pelo preconceito. 

O filme acompanha a Valentina do título, uma jovem de 17 anos que se muda para o interior do Brasil com a mãe, Márcia (vivida por Guta Stresser), para um recomeço. Para evitar ser intimidada em sua nova escola, Valentina tenta se inscrever com seu novo nome, na esperança de manter sua história pessoal de gênero privada. No entanto, a menina e sua mãe rapidamente enfrentam problemas quando seu segredo é descoberto, e além da pressão sofrida por Valentina, que para ser aceita na escola com seu nome social vai precisar também da assinatura de seu pai (Rômulo Braga). O problema é encontrar esse pai, que sumiu do mapa sem deixar pistas. 

O longa lança luz sobre uma questão problemática no país: a evasão escolar de pessoas trans, que chega a bater  82% em um ano. A violência  não acontece somente nas ruas, - já que o país é o que mais mata transexuais no mundo -, está dentro das casas e das escolas. O longa denuncia o preconceito e a violência através da sensível interpretação da talentosa Thiessa Woinbackk, You Tuber trans em seu papel de estreia no cinema, que inclusive teve menção honrosa na premiação do filme na Mostra SP.

'Valentina' dá voz a milhares de pessoas trans que lutam todos os dias para a aceitação natural do nome social, para diminuir o preconceito ou pelo menos motivar a empatia e o respeito por quem é diferente. A direção do ainda estreante Cássio surpreende pela maestria em conduzir seus atores. Muitas das performances são tão orgânicas que soa às vezes  como se estivéssemos acompanhando a vida real... Ops!  Alguém disse vida real?  Mais do que em qualquer outro tema, a arte aqui  segue imitando a vida nossa de todo dia. 


Vale Ver !




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