Adsense Cabeçalho

'A Escolhida' falha na mistura crítica social x terror , mas é provocador na temática do racismo | 2020

NOTA 7.0

Por Rogério Machado 

'Antebellum' (ou 'A Escolhida' por aqui) era grande expectativa entre as maiores estreias desse ano, mas aí veio a pandemia e acabou com as chances do longa  em ganhar as salas de cinema... e talvez tenha sido melhor assim, ir direto pro streaming com toda certeza fez com que o prejuízo fosse menor, já que a produção não agradou  a crítica especializada e tem dividido o público. 

A crítica social mais uma vez se une ao cinema de horror sob as mãos dos estreantes  Gerard Bush e Christopher Renz, que não só dirigem mas também estão à frente do roteiro. A premissa é magnética, e a ideia  é bem verdade que tem sido explorada com certa frequência no cinema mundial com grande relevância, mas aqui é equivocada ao tratar a temática social e adicionar o horror. É deveras complicado explicar onde a trama falha sem deixar evidências de spoiler, mas em suma, é certo afirmar que as incongruências residem em fazer conexão de passado e presente. 

 
A trama é centrada na personagem de Janelle Monáe. Ela desempenha seu papel sob dois nomes: o de Éden, uma mulher submetida a trabalho escravo em uma lavoura de algodão por debaixo da sombra de bandeiras dos estados confederados estadunidenses; e Veronica Henley, socióloga e ativista negra referência em estudos sobre a influência de raça, classe e gênero na exclusão social. Há, portanto, uma dicotomia evidente entre essas mulheres que tem raiz em um único conceito: seus direitos. 

A Guerra da Secessão (1861-1865) ditou os rumos que a escravidão teria para o que viria a ser os Estados Unidos da América e, até hoje, os símbolos dos estados do sul escravista figuram no imaginário neonazista e racista americano. O quanto dessa sociedade eugenista secretamente, mas em ascensão, ainda detém poder na atualidade?  É sob essa tônica que o longa se firma, trazendo a ilustração de um passado de opressão e sanguinário, e conectando aos dias de hoje, onde o racismo aparece de modo velado entre picos de ódio revelados através da agressão física. 

'A Escolhida', é portanto, competente  enquanto drama social e só alcança algum êxito por conta da sempre marcante performance da também cantora Janelle Monáe, porém peca quando aposta no suspense, e pior, quando o usa em favor da crítica ao racismo. Contudo, diante de tudo que estamos vivendo, é impossível ignorar sua potente mensagem, ainda que a fala se apresente truncada em algumas escolhas. 


Vale Ver !






Nenhum comentário