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'M8 - Quando a Morte Socorre a Vida' denuncia o racismo velado no Brasil | 2020

NOTA 9.0

Por Rogério Machado 

Ainda há quem diga que racismo no Brasil não existe. E vamos seguindo na hipocrisia de nos calar diante de eventos inacreditáveis de desrespeito e violência por conta da cor da pele. 'M8 - Quando a Morte Socorre a Vida', o grande vencedor do prêmio do público no Festival do Rio em 2019, também escolhe  nos contar sobre discriminação , mas usando uma narrativa muito própria e muito próxima da realidade do brasileiro. 


Baseado no livro homônimo de Salomão Polakiewicz, o longa nos apresenta a história de Maurício (Juan Paiva) , um calouro da prestigiada Universidade Federal de Medicina do Rio de Janeiro, filho de Cida (Marian Nunes), uma auxiliar de enfermagem que deu muito duro para ver o jovem entrar pra faculdade. Em sua primeira aula de anatomia, Maurício é apresentado a M8, corpo que servirá para o estudo dele e dos amigos durante o primeiro semestre. 

Em uma jornada envolta  de mistério e realidade, Mauricio enfrenta suas próprias angústias para desvendar a identidade desse rosto desconhecido, mas que diz respeito a sua existência e seu dia a dia. Ao entrar para uma  faculdade tão concorrida  no esquema de cotas, ele vai descobrir da pior maneira como a discriminação acontece: na sala de anatomia, três corpos negros que revelam a triste estatística que diz que jovens negros morrem mais na violência diária do que jovens brancos. Alguns questionamentos permearão a mente de Maurício e juntamente com acontecimentos sobrenaturais, ele vai realizar que precisa fazer algo por aquele corpo cujo nome era apenas uma referência no necrotério. 

Sob a regência de Jeferson De, a trama conversa de perto com o cotidiano do negro no Brasil, principalmente pela condução orgânica que alinhava  o racismo velado, - ilustrado na narrativa por piadas de  mal gosto e olhares desconfiados -, por ser o único negro (e pobre) num meio onde a grande maioria é branca e endinheirada, com eventos de violência e opressão policial; situação cada vez mais comum e amplamente noticiada pela mídia. 

Com elenco majoritariamente negro e nomes como Zezé Motta, Rocco Pitanga e Lázaro Ramos, o projeto é muito mais do que um filme sobre preconceito e violência contra negros, e sim um manifesto de representatividade. 'M8 - Quando a Morte Socorre a Vida', que acabou de chegar aos cinemas depois de ter sido adiado por conta da pandemia, é mais um exemplo que ainda temos muito o que falar sobre o assunto. 


Super Vale Ver !



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