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Um divertido banho de sangue chamado 'Freaky - No Corpo de um Assassino' | 2020

NOTA 8.0

A versão sanguinolenta de um clássico da Sessão da Tarde

Por Vinícius Martins @cinemarcante 


A Blumhouse, produtora de filmes majoritariamente de terror que vem se destacado cada vez mais nos últimos anos, decidiu apostar alto no saudosismo sádico. Depois de reviver o conceito apresentado em 'Feitiço do Tempo' (1993) com uma versão macabra e sanguinolenta no sucesso 'A Morte Te Dá Parabéns' (2017), chegou a vez de resgatar a ideia de 'Garota Veneno' (2002) em um filme que tem basicamente a mesma premissa - mas com um recheio de violência sarcástica à lá 'Pânico', onde há o devaneio fetichista de assistir pessoas mesquinhas se tornando vítimas de um psicopata (como se seus pecados fossem purgados na violência) quando o mesmo troca de corpo com uma adolescente aparentemente inofensiva.


Se em 'Garota Veneno' tínhamos uma patricinha cínica trocando de corpo com um bandido pé de chinelo, aqui temos uma garota impopular trocando de lugar com um maníaco homicida. A psicopatia do vilão, assim como o temor que se deve sentir por ele, é estabelecida com sucesso na introdução do filme em uma cena que é uma mescla dos estilos de Wes Craven e John Carpenter - e a direção de Christopher Landon, inclusive, parece prestar aqui uma grande homenagem aos diretores consagrados que fizeram história com um terror inteligente e astuto. Os sustos não são meramente gratuitos, e a construção da tensão e do suspense é feita com uma qualidade notável. O mais interessante, no entanto, é o equilíbrio encontrado entre esses elementos e a comicidade que a situação consegue promover. A cadeia de acontecimentos é algo tão trágico e risível que fica difícil separar o medo do riso - mesmo que ele seja "de nervoso". Os alívios cômicos se encaixam na trama com naturalidade, acrescentando informações relevantes para o desenvolvimento da história sem destoar das personalidades dos personagens nitidamente estereotipados.

Vince Vaughn parece estar bem a vontade e se divertir bastante ao incorporar duas personas bem diferentes, e tanto ele como Kathryn Newton (que é a garota impopular chamada Millie Kessler) conseguem estabelecer trejeitos das personalidades da mocinha e do vilão com eficácia, de modo que é crível a troca de corpos que se dá entre eles. O elenco de apoio contribui bastante para dar credibilidade ao conceito, acrescentando uma carga dramática e/ou cômica que só funciona porque a direção de Landon consegue acompanhar as oscilações de humor dos seus protagonistas, que não abandonam os próprios problemas mesmo estando na pele de outra pessoa. No quesito técnico o filme não é inovador - e nem se propõe a ser. Pode-se dizer que ele é um compilado de coisas que deram certo em outros filmes e que foram bem estudadas e bem distribuídas pelo diretor nos pouco mais de 100 minutos de película. Existem, é claro, os exageros e extravagâncias do gênero, tais como o retorno de um personagem que tomou vários tiros e que pouco tempo depois está "novinho em folha", pronto para cair no tapa quando a briga se forma; mas tirando isso, o filme é um entretenimento pipoca bem eficiente e divertido, como um escapismo agradável (e violento) ao nosso cotidiano desagradável (e violento) no conturbado cenário em que vivemos. 



Vale Ver !



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