Dica do Papo : 'Um Sonho de Liberdade' | 1994
Por Eduardo Machado @históriadecinema
O Rei do Terror, Stephen King, nem sempre conseguiu transpor para o cinema o sucesso dos seus livros. São muitos os casos de fracassos, pois é difÃcil transferir o universo de terror criado para os livros diretamente para o cinema. Talvez seja essa a razão pela qual “Um Sonho de Liberdade”, um drama, seja uma das adaptações mais lembradas do escritor e dona, vejam só, da maior nota atribuÃda por usuários do IMDb entre todos os filmes disponÃveis em seu banco de dados.
Ora, para chegar a esse nÃvel, devemos saber que não se trata de qualquer filme. É algo diferente, pois são muitos os que já abordaram a saga do homem que precisa provar a sua inocência, mas poucos os que tiveram a sagacidade de desviar o foco para a rotina dos condenados. O horror de Stephen King, nesse caso, está no dia a dia, na compreensão de que a vida de alguém pode se resumir a uma rotina quase que imutável e que a única opção dela parece ser a resignação.
Para traduzir a melancolia da prisão, a fotografia do mestre Roger Deakins é precisa. No longa pelo qual recebeu a primeira das suas 14 indicações ao Óscar, prevalece um cinza claro, que nos remete ao quase preto e branco. As cores que denotam a tristeza do lugar contrastam com a resiliência de Andrew Dufresne (Tim Robbins), o acusado de homicÃdio que se recusa a abandonar a esperança. Sua fragilidade é apenas aparente, o que atrai a admiração e o respeito de colegas, além da amizade de Red (Morgan Freeman). E é pela visão de Red, o qual narra toda a história, que assistimos ao filme. É através do olhar atento que mantém sobre o amigo que percebemos toda a influência que a boa conduta de Andy exerce perante os demais.
Quem não assistiu ao clássico não deve pensar, pelo meu texto ou por qualquer sinopse que eventualmente tenha lido, que se trata de um filme triste. Melancólica é apenas a penitenciária, o espaço fÃsico. A vida, como o filme retrata, é muito melhor do que aquilo. Às vezes falta só um pouco de resiliência para enxergar.
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