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'O que Arde' revela a dificuldade do ser humano para com as segundas chances | 2019

NOTA 7.5

Por Rogério Machado 

Vencedor do Prêmio do Júri da Mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes 2019, vencedor de dois prêmios Goya 2020 e indicado a outros dois, incluindo Melhor Filme, o espanhol 'O que Arde' ainda permanece inédito por aqui e não cheguei a identificar uma possível entrada em qualquer plataforma de streaming, o que pode acorrer em breve, dado à bela carreira nesses festivais, e inclusive no Brasil. 


Na história Amador Coro (Amador Arias) foi condenado à prisão por ter provocado um incêndio. Após cumprir a pena, ele sai da cadeia, mas não há ninguém à sua espera. Amador volta à sua cidade natal, uma pequena vila nas montanhas da Galícia, para morar com a mãe e três vacas. O cotidiano se arrasta, acompanhando o ritmo da natureza. Até que, em uma noite, um novo incêndio começa a devastar a região. 

Amador carrega o estigma de loucura e pirotecnia, e se vê como um completo forasteiro em sua própria terra. Seu único aconchego é sua mãe, que acolheu seu retorno como qualquer mãe faria, até porque a direção acertada de Oliver Laxe deixa no ar um clima de incerteza no que tange à índole do ex detento, passando a sensação que existe ali a possibilidade da inocência. Entre o dia a dia na fazenda, cuidando dos animais, e os tragos numa mesa de canto no bar do lugarejo, habitam os olhares e palavras de acusação, onde na maior parte das vezes é ignorado, talvez pelo medo de que o fogo retorne pelas mesmas mãos. 

...E o fogo retorna. As reações são esperadas, mas ainda sim a dúvida (pelo menos de nós, expectadores) sobre a índole do protagonista permanece. Laxe, mesmo com poucos minutos (o filme tem em torno de 1h 20min) consegue estabelecer uma conexão forte do público para com seu protagonista, e isso é raro, é habilidade que poucos cineastas têm. O filme acaba sendo prejudicado pela cadência lenta, mas ainda sim deixa sensações controversas em quem assiste. Aprendi que cinema bom é aquele que deixa mais perguntas que respostas, e esse mérito ninguém tira da obra. 


Vale Ver !



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