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'Seu Nome Gravado em Mim' : uma comovente história de amor proibido num sistema opressor | 2020

NOTA 8.5

Por Karina Massud @cinemassud 

Taiwan sempre foi o país asiático mais liberal em relação aos costumes, em 2019 foi o primeiro a legalizar a união homoafetiva, mas mesmo assim o preconceito pesado sempre existiu e relacionamentos gays sempre foram atos ousados vividos distante dos olhos do público.

Baseado nas experiências pessoais do diretor Patrick Liu, “Seu Nome Gravado em Mim” conta a história de amor de dois estudantes de um colégio interno masculino nos anos 80 num período de transição da sociedade depois do fim da lei marcial,  que começou com um pequeno passo em direção a costumes mais liberais com o colégio misto pra meninos e meninas. A-han e Birdy se conhecem na banda da escola e a química é imediata, porém eles não sabem exatamente o que estão sentindo ou se aquela afeição está certa. Um é mais masculino, agressivo e não aceita a própria homossexualidade, por isso ninguém desconfia dele; já o outro é mais sensível e curte atividades que “não são pra macho”, o que desperta a desconfiança de todos. Eles se apaixonam loucamente e não conseguem se desgrudar, sofrendo muito bullying na escola e pressão por parte da família, do padre conselheiro (ele mesmo um reprimido), dos amigos e da diretoria. 

O filme segue todas as fórmulas de paixões gays proibidas: família castradora e cruel que cobra não só o sucesso mas acima de tudo o casamento do filho que eles nem cogitam ser gay; cenas dramáticas do casal ao som de violinos tristes; muito choro, beijos lânguidos na praia e alguma pancadaria de amor. Há também sexo urgente no chuveiro sob lágrimas e o tesão represado. O desgaste emocional corrói ambos e a luta perante suas famílias e sociedade parece quase vencida.

A trama é equilibrada pois contrapõe muito bem a luta do casal pra viver o seu amor com a batalha diante de seus próprios fantasmas internos, um relacionamento transgressor num molde clássico à la “Romeu e Julieta”. Nos anos 80 os direitos LGBT, na melhor das hipóteses, ainda engatinhavam, todos tinham que esconder sua sexualidade sob pena de exclusão social, agressão e outras punições veladas como demissão ou não ser aprovado na compra ou aluguel de um imóvel. Vendo o sofrimento de A-han e Birdy se constata o belo avanço da luta da comunidade LGBT, pois hoje já se pode viver um amor livremente e sua sexualidade com plenitude desde a mais tenra idade. 

Mas tudo isso pode ser deixado em segundo plano visto que o foco de “Seu Nome Gravado em Mim” é o sentimento pungente que existe entre os protagonistas. O amor tratado com uma delicadeza ímpar e emoção que transborda, simplesmente como amor, um sentimento que supera qualquer obstáculo ou rótulo. Amor é amor e só.


Vale Ver !




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