Sonhos premonitórios e suspense conceitual em 'Dente por Dente' | 2021
NOTA 6.5
Por Rogério Machado
Pode-se dizer que o cinema de gênero no Brasil ainda está galgando seu espaço. Entre grandes acertos e passagens pouco assertivas, de todo modo, é bom ver que podemos ser diversos ao tratar de temas próximos da nossa realidade e ao mesmo tempo lançar mão de elementos e conceitos que vemos com mais frequência no mundo afora. Em 'Dente por Dente' , suspense policial sob a direção da dupla Pedro Arantes e Júlio Taubkin que chega essa semana aos cinemas após passar pela Mostra SP em 2020, a proposta é muito interessante, porém mal trabalhada.
A máxima olho por olho dente por dente, ou seja, a boa e velha vingança, é desenvolvida aqui sem muitas surpresas, entre flash backs e novos ângulos para a mesma sequência, o suspense vai perdendo volume desde a abertura, - até então promissora -, ao dar o enfoque social e discutir sobre corrupção e desapropriação de terras com prédios ocupados por pessoas sem teto, que aos poucos vão desaparecendo misteriosamente para dar lugar à condomínios de alto e médio luxo. É inevitável não pensar na luta de classes ou voltar no tempo e rememorar sobre a escravidão no Brasil, quando muitos morreram para que grandes obras fossem levantadas.
Enfim, a ideia é brilhante mas aqui é mal amparada por um roteiro vacilante e performances muito aquém de seus intérpretes. É impossível não se perguntar porque usar Paolla Oliveira e Renata Sorrah em personagens tão desinteressantes. O suspense policial bebe de referências, mas peca pelo excesso, e entre eles as exageradas divagações em off do protagonista que não somam em nada para o desenrolar da história. Talvez uma espiada valha a pena ao menos pra realizar que o cinema brasileiro pode ir além do cinema regional por exemplo, muito embora tenhamos exemplos incríveis nesse nicho.
Vale Ver Mas Nem Tanto !
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