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Conspiração e corrupção em 'The Man Standing Next', o representante da Coréia do Sul no Oscar | 2020

NOTA 8.5

Por Rogério Machado 

É  indiscutível.  O cinema coreano continua em plena ascensão e parece que o prêmio máximo do cinema no ano passado, elegendo 'Parasita', de Bon Joon-Ho, como Melhor Filme no Oscar era só o começo, ou quem sabe a cereja do bolo de um cinema que segue mais prolífico do que nunca. Uma fonte inesgotável de boas produções, com consistência e peso, seja lá para quais histórias as câmeras dos homens de olhos puxados decidam apontar. 'The Man Standing Next', é  aposta de Coreia desse ano para o Oscar e, apesar de não carregar consigo a inventividade daquele laureado no ano passado, ainda apresenta boas razões para um destaque de relevância entre as principais escolhas da temporada de premiações desse ano.


A trama, baseada em fatos (mas com nomes trocados como somos alertados na abertura), se passa na década de 1970, quando a Coreia está sob o controle absoluto do Presidente Park (Sung-min Lee), que controla a KCIA (serviço de inteligência coreano). O diretor do KCIA, Kim Gyu-pyeong (Lee Byung-Hun), é um substituto para o segundo em comando. Em meio a um reinado de medo, um ex-diretor da KCIA, Park Yong-gak (Do-won Kwak), que sabe tudo sobre as operações obscuras e ilegais do governo, é exilado nos EUA, onde abre caminho para a investigação de 'Koreagate'. À medida que a tensão aumenta, as manobras políticas sufocantes daqueles que desejam o poder colidem de forma explosiva e sem limites. 

A Coreia do Sul viveu a ditadura de Pak durante 18 anos sob os atentos olhares americanos, que, para manter seu protecionismo fazia vistas grossas para a aproximação dos E.U.A. O longa sob a direção do cineasta e roteirista Min-ho Woo, lança os olhares para esse momento, em que a ditadura de Pak chegava ao seu limite e, motivados pelos inúmeros indícios de corrupção,- incluindo contas milionárias na Suíça -, a união entre um componente da inteligência coreana com os E.U.A, provoca a queda desse regime, culminando no evento fatídico narrado aqui. 

O longa acompanha esse momento histórico aos moldes de uma grande produção. Existem locações nos E.U.A e na França, e o desenrolar da narrativa tem pegada de blockbuster, apesar dos traços mais engenhosos em sua abertura. E é exatamente esse destoar de tonalidades que se tornam o ponto desfavorável ao longa; as conspirações iniciais se diluem em um thriller de ação genérico, que em alguns momentos pensamos estar diante de uma super produção enlatada. 

Apesar da gourmetização na representação histórica da ditadura militar na Coreia do Sul, é inegável que o filme de Min-ho Woo seja mais um exemplo, e dos bons, na virada  de um cinema em plena ascensão. Não tem a pegada autoral como vimos em exemplos recentes, mas em contrapartida ostenta a pluralidade e a capacidade de se reinventar e estar à altura dos grandes impérios cinematográficos. 


Vale Ver !



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