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Dica do Papo: 'Ethel e Ernest' celebra a vida simples e o amor em família | 2017

Por Karina Massud @cinemassud 

A vida de Ernest não tinha nada de extraordinário: um leiteiro inglês simpatizante do partido Trabalhador que um dia se apaixona pela dama de companhia Ethel e a pede em casamento para juntos compartilharem a vida e formarem uma família. Sua alegria de viver e valores sólidos são  homenageados pelo filho Raymond Briggs, ilustrador autor do best seller “O Boneco de Neve”, que fez essa declaração de amor através de belos traços vintage e cores intensas, assim como os bons sentimentos  que transbordam de “Ethel e Ernest”, animação de 2016 baseada na premiada história em quadrinhos que só agora chegou na Netflix.

Acompanhamos o decorrer do tempo desde o final dos anos 20 até o início dos 70 através de grandes acontecimentos: a 2ª Guerra Mundial, o envio do filho pequeno pro interior, o discurso de Churchill e os bombardeios na cidade. O passar dos anos também é mostrado com as invenções e progresso da humanidade. A eletricidade, a geladeira que revolucionou a vida das pessoas, aqueles aparelhos mágicos chamados TV e telefone, o carro, e por fim a fantástica chegada do homem à lua. Ernest é um liberal e ama as modernidades, ao passo que Ethel é hiper conservadora e teme o novo. 

Raymond Briggs lança um olhar amadurecido sobre seus pais e seus preconceitos aceitos por ele com serenidade: A homossexualidade deixa de ser proibida... mas o que é isso?” “Nosso filho poderia ser um chefe, um médico, mas decidiu ser artista cabeludo e assim nunca vai conseguir se sustentar”. Com o distanciamento dos anos, Briggs também faz uma crítica à reação dos pais diante da Guerra e seu final com a bomba de Hiroshima, quando o choque inicial foi rapidamente substituído pela indiferença - comportamento até que compreensível -, pois as notícias chegavam via rádio e não tinham o mesmo impacto das imagens.

O casal não se deixa abater pelas tragédias que o rodeia, afinal a vida não para e é preciso ganhar o sustento de cada dia;  as transformações são inevitáveis e necessárias pro nosso crescimento. Uma trajetória regada a amor, compreensão e companheirismo...e como bons ingleses que são, as boas xícaras de chá fumegante.

“Ethel e Ernest” é uma reflexão sobre o prazer e beleza que existem na simplicidade, sobre ser feliz com o que se tem porém sem nunca deixar de sonhar com algo mais. Uma animação para adultos que aquece o coração e deixa um sorriso no rosto.




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