'Nona - Se me Molham, Eu os Queimo' é mistura inusitada de formatos cinematográficos | 2020
NOTA 7.0
Por Rogério Machado
Antes de mais nada é importante ressaltar que o chileno 'Nona - Se me Molham, Eu os Queimo', que chega essa semana aos cinemas brasileiros, não é uma experiência que flui na tela. Não espere uma trama engenhosa, que puxa o expectador pra dentro da história, mesmo que a premissa se mostre atraente. Para aproveitar a viagem aqui, é necessário que nos envolvamos primeiro com a personagem título. Aliás, creio ser isso o que a direção de Camila José Donoso espera de nós, o público. Por esse prisma a narrativa passa a ganhar novos contornos.
Nona (Josefina Ramirez) tem 66 anos de idade e mora em Santiago. Um dia ela decide finalmente vingar-se de seu ex-amante e comete um atentado que a obriga a fugir para que não seja presa. Depois de finalmente se estabelecer em Pichilemu, uma pequena cidade costeira do Chile, um incêndio de grandes proporções obriga seus vizinhos a deixarem suas casas, mas estranhamente sua moradia é a única a não ser afetada. Seria Nona a responsável pela pirotecnia na vizinhança?
Nona na verdade tem um passado curioso: a senhora com ares misteriosos fez parte da resistência anti-Pinochet e se tornou uma especialista na produção de coquetéis molotov. Foi assim que ela deu cabo do homem que estava em seu caminho. A história é apresentada ao público numa mistura de realidade e ficção, e em determinados momentos pensamos estar dentro de um documentário mostrando a trajetória de uma sociopata perigosa , que tem muito a esconder.
A atriz Josefina Ramirez é avô da realizadora Camila José Donoso, e talvez essa proximidade seja a responsável por tamanho envolvimento da protagonista com as lentes da neta. A vida pregressa de Nona, assim como seus possíveis delitos não não mostrados ao longo da projeção, mas essa escolha na minha opinião é salutar para o interesse do público. O desenvolvimento da narrativa pode ser morno, mas voltar os olhos para a protagonista é um dos caminhos para fazer do filme uma opção atrativa.
Vale dizer que o filme conta com a participação do ator Eduardo Moskovis, e embora seja uma aparição que gere curiosidade, não produz impacto suficiente por se dar exatamente no desfecho da trama. Se a intenção era provocar o expectador, a ação tem efeito reverso. A interrogação produzida no público é incômoda, embora possa gerar diversas interpretações.
Vale Ver !
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