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'Notre Dame' apresenta os desafios da mulher moderna | 2021

NOTA 6.5

Por Rogério Machado 

Em entrevista, a cineasta Valérie Donzelli disse  que usar a famosa Catedral Notre Dame em Paris em seu filme ostenta pesos diferentes antes e depois do fatídico incêndio ocorrido em  2019. Afinal, de apenas mais um monumento , o obra passou a ser uma figura lendária. O filme, que chega hoje aos cinemas brasileiros depois de passar pelo Festival Varilux de Cinema Francês em 2020, carrega essa figura como símbolo de sua história, que além de narrar os desafios da mulher moderna, seus amores, o trabalho, a organização da casa, ainda discute intolerância.

No filme conheceremos Maud Crayon (Valérie Donzelli), arquiteta e mãe de duas crianças, que da noite para o dia conquista – graças a um mal-entendido – o grande concurso promovido pela prefeitura de Paris para reformar o pátio diante da catedral de Notre-Dame… Às voltas com essa nova responsabilidade, ela se vê em meio a uma tempestade ao ter de lidar ao mesmo tempo com um antigo amor da juventude, Bacchus Renard (Pierre Deladonchamps) que reaparece de repente, e com Martial (Thomas Scimeca), o pai de seus filhos, que mesmo estando separado de Maud, vez por outra aparece para matar a saudade da convivência familiar.

'Notre-Dame'  é um curioso conto repleto de fantasia com toques de comédia e romance, porém vemos ali uma crítica ácida sobre o lugar desconfortável ocupado pelos criadores na sociedade e o processo às vezes absurdo imposto às suas obras. Donzelli imprime traços autobiográficos uma vez que chegou a fazer arquitetura e viver de perto as reprimendas em virtude da limitação de sua arte. No filme em questão, entra o fator religioso, já que o conceito da nova obra envolvia uma torre de acesso à um metrô que era semelhante à um falo. A censura e a intolerância da falsa religiosidade tem passagem pelo filme, mas o longa se concentra na vida atribulada de Maud, que entre tantas questões no trabalho ainda tinha que lidar com seus medos e inseguranças em conciliar vida particular e profissional. 

A premissa é boa e a narrativa é de certa forma salva pelo carisma de Donzelli, mas isso não sustenta a produção num todo. Tanto os dilemas entre Maud e o ex ou o reencontro com o antigo amor, não oferecem sequências que nos façam interessar por qualquer uma das proposições ao longo da trama. A ideia sobre as críticas em torno da arte usando a Catedral francesa como pano de fundo é interessante, mas ao concentrar o foco na comédia assim como nas idas e vindas da protagonista, a investida perde força. 

Ps: Alguém me explica as pessoas sendo estapeadas no meio da rua sem um motivo plausível? 


Vale Ver Mas Nem Tanto!



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