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Suspense , comédia e Rosamund Pike brilhando em 'Eu Me Importo', novo filme Netflix | 2021

NOTA 8.5

Por Rogério Machado

É raro, mas vez por outra temos os chamados refrescos no meio de tantas produções sem originalidade. A máxima 'o mundo é dos espertos' já foi vista inúmeras vezes no cinema, sobretudo em se tratando de comédias, mas em 'Eu Me Importo', filme que acaba de estrear na Netflix, o mote é explorado com inteligência, numa mistura de gêneros tão deliciosa que é impossível não ser fisgado já nos primeiros minutos de projeção. 


Na trama conheceremos a impetuosa Marla Grayson (Rosamund Pike), uma renomada guardiã 'legal' que busca sempre ser curadora (como ela mesmo se auto-intitula) de pessoas idosas e claro, muito ricas. Às custas da última 'cliente', ela leva uma vida de luxo. Quando ela pensa ter encontrado uma nova vítima perfeita, descobre que a mesma guarda segredos perigosos. Com base nisso, Marla vai ter que usar toda sua astúcia se quiser continuar viva. Isso porque a bola da vez, Jennifer Peterson (Dianne Wiest), é ninguém mais ninguém menos do que a mãe de  Roman Lunyov (Peter Dinklage), um componente da máfia russa. Começa então um embate entre os grandes: o clássico jogo de gato e rato que torna a próxima ação imprevisível para o público. 

A comédia, a qual me referi na abertura desse texto, não se trata daquele gênero que faz rir, definitivamente não espere isso da produção. O humor aqui pende para a ironia, para o deboche, tudo muito subjetivo. O ponto de partida da trama por si só é um completo absurdo, e a direção de J Blakeson sabe exatamente em que terreno está pisando. E é aí que reside toda a beleza do longa, como o plus de  contrabalancear com o suspense, campo em que Rosamund Pike sabe pisar como ninguém. 

'Eu Me Importo' trabalha uma estranha dicotomia em torno de sua protagonista: o espectador acompanha e sabe  que a moça se fez em cima de crimes sucessivos às custas de pessoas inocentes, mas a empatia pela personagem permanece firme. É possível que o público fique dividido a respeito de quem quer tomar partido, e esse é justamente o xis da questão, que torna o projeto tão interessante e atraente. Sem contar os diálogos afiados e as críticas ao sistema, que parece fechar os olhos para as  práticas corruptivas que acontecem desde que o mundo é mundo. 

Não espere grandes reviravoltas, nem sequências de tirar o fôlego, o 'it' do longa está justamente em assumir a verve do entretenimento, em altas doses de ironia e acidez , além de usar a inteligência a favor de uma narrativa que tem tudo pra conquistar cinéfilos exigentes. 


Vale Ver !



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