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'Um Dia Muito Claro' revela as faces obscuras do luto | 2020

NOTA 8.0

Por Rogério Machado 

O cinema usa de diversas formas e técnicas para abordar um mesmo tema. Para falar do luto, por exemplo, alguns lançam mão de apelo dramático, outras produções usam até o humor, mas em 'Um Dia Muito Claro', representante da Islândia no Oscar 2020 de Filme Estrangeiro e vencedor do prêmio de Melhor Ator para Ingvar Sigurdsson na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2019, o fio condutor tem nuances de suspense. E é eficiente em levar o expectador pela viagem inconstante do protagonista na busca por exorcizar o passado recente ocorrido  antes da perda que precisaria enfrentar. 


A história se passa em uma remota cidade da Islândia, onde Ingimundur (Ingvar Eggert Sigurdsson), um chefe de polícia,  lida com o luto pela morte da mulher, que se foi há dois anos em um trágico acidente de carro. Logo, depois de esquadrinhar os guardados da falecida, ele começa a suspeitar que um homem da região teve um caso com sua esposa. Pouco a pouco, a obsessão por descobrir a verdade passa a dominá-lo, e o policial começa a representar um perigo para si mesmo e para aqueles que ama, enquanto percorre um caminho de luto, vingança e amor incondicional. 

Não existe nada de extraordinário na premissa do longa dirigido por  Hlynur Pálmason, porém,  o pulo do gato é o aproveitamento funcional do roteiro pela direção, que galga passo a passo, sem nenhuma pressa, a construção do clima de tensão (mas em uma via somente) entre o homem traído e o amante de sua esposa. São muitas as sequências em que ele se coloca ameaçador frente ao seu oponente, mas quase sem que os que estão ao seu redor percebem. O público acompanha como por uma lupa o crescente desconforto de Ingimundur, que claro, vai caminhar para um desfecho de alta voltagem. 

'Um Dia Muito Claro', título que faz referência aos dias com muita neblina, e que por sua vez impedem a visão total do que está à frente, subverte com maestria sua temática , com ritmo mais cadenciado sim, mas que encontra no seu elenco, com destaque para as interações entre Ingimundur e sua neta (vivida pela competente atriz mirim  ída mekkín hlynsdóttir), o respaldo para prender todas as atenções. Isso sem contar as minúcias técnicas, (como fotografia e trilha por exemplo) que fazem do longa uma experiência diferenciada em se tratando de cinema. 


Vale Ver ! 



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