Aquecimento SnyderCut: Como 'O Homem de Aço' redesenha a imagem do herói inabalável que Superman sempre teve
Por Vinícius Martins @cinemarcante
O primeiro passo, dado com o pé direito, rumo à 'Liga da Justiça'
Superman sempre foi um símbolo de otimismo e esperança. Os filmes e séries que o retrataram sempre tiveram ênfase na face humilde da persona heróica do alienígena humanóide com a cueca por cima da calça, destacando (na maioria das vezes) a humanidade que emanava dele. Contudo, leia "humanidade" nos melhores sentidos do termo: compaixão, proteção, justiça. E então, com o sucesso da visão mais centrada e realista que Christopher Nolan deu ao Batman em sua trilogia consagrada por público e crítica, a Warner decidiu apostar em uma linha similar para fazer um reboot na história de Superman, aplicando um contexto contemporâneo e uma visão moderna do herói, dando a ele uma humanidade ainda não devidamente explorada no cinema: a humanidade da dúvida e da falha. Desse modo, 'O Homem de Aço' conseguiu impor fragilidade ao indestrutível Superman (não leia "fragilidade" e "indestrutível" dentro de uma esfera física; afinal, a Kryptonita está aí desde os primórdios do herói - leia os termos no âmbito da crise de identidade, da consciência perturbada pela obrigatoriedade de tomar decisões difíceis, do lidar com consequências dolorosas, dos dilemas morais e, principalmente, dos sacrifícios pessoais feitos em prol da humanidade).
A figura inabalável que outrora se via com a capa vermelha agora passou a refletir a humanidade em todos os sentidos - incluindo os mais sombrios. De esperançoso e humilde, Superman passou a ser realista e temeroso - e isso foi algo fantástico de se assistir, principalmente com uma qualidade técnica tão enorme; e falando do filme nesses quesitos, é justo afirmar que uma personagem tão presente quanto o protagonista é a trilha sonora de Hans Zimmer, que dá o tom (ba-dum-tiss) das cenas e dita com leveza e intensa as emoções que o público deve sentir. Além disso, deve-se destacar também o fato de que Snyder aqui usa e abusa constantemente dos flares com suas lentes angulares, em uma fotografia dirigida por Amir Mokri. O roteiro de David S. Goyer e a produção de Christopher Nolan foram fundamentais para a realização do projeto, com uma mescla de criatividade e sobriedade que, com a dosagem muito bem combinada de atitudes altruístas do herói, foram os componentes perfeitos para iniciar um universo repleto de reverências ao legado amistoso de suas versões anteriores que se direciona com as próprias pernas para um caminho autônomo. Uma das imagens de maior respeito do personagem pela humanidade está na cena em que ele aceita ser algemado e levado sob custódia, mesmo tendo um poder imensamente superior àquilo tudo. Por fim, o herói falho que aprende com seus erros teve uma belíssima jornada de crescimento retratada nesse filme e, finalmente, aprendeu a usar a cueca por dentro da calça.
Deixe seu Comentário: