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'Saint Maud' e as armadilhas do fanatismo religioso | 2021

NOTA 7.5

Por Eduardo Machado @históriadecinema

Na divulgação de “Saint Maud”, a A24 tem classificado o filme como o sucessor dos grandes sucessos de terror da empresa. Rotulá-lo dessa forma, no entanto, é um desserviço ao ousado filme de estreia da diretora Rose Glass, pois, dessacralizando símbolos religiosos, a diretora/roteirista está muito mais interessada num filme sobre os efeitos que a fé e a religião podem causar nas mentes mais frágeis, do que propriamente em produzir terror. Tudo ali está a serviço de um olhar sobre uma mente que, em ruínas, se agarra na fé.


Maud (Morfydd Clark), a protagonista, é uma enfermeira, a qual, pela sugestão oferecida pela cena de abertura, fez algo que não deveria em um hospital. Passado algum tempo, ela consegue um emprego particular como cuidadora de Amanda (Jennifer Ehle), uma ex-dançarina que sofre de uma doença degenerativa. As duas, na medida do possível, se dão bem até o momento em que Maud passa a enxergar em Amanda uma oportunidade de salvação espiritual.

A despeito do ceticismo de Amanda, Maud começa a compartilhar com ela os seus rígidos rituais, chegando a manipular a vida da mulher para que atinja a finalidade que pretende. Quando elas entram em conflito, Maud enxerga a questão não como uma cisão, mas como um teste para fortalecer a sua devoção.

Interpretar Maud é complexo, mas Morfydd Clark tem o que é necessário para o papel e é, obviamente, auxiliada pela direção segura de Rose Glass. A fotografia e a trilha sonora também ajudam a envolver o longa em uma névoa sombria e silenciosa de solidão, que tornam o filme ainda mais coeso.

Mais do que simplesmente terror, “Saint Maud” é um filme sobre o fanatismo religioso e suas consequências. Sobre a armadilha que é se agarrar à fé para se livrar da solidão. Com apenas 90 minutos de duração, “Saint Maud” é rápido e acaba com um choque, mas um terror inserido em um contexto absolutamente realista. Pois Maud pode estar entre nós, pode ser qualquer alma que se perdeu. Pode ser qualquer um que escolhemos ignorar.


Vale Ver!



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