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A via-crúcis de uma tradutora do caos no massacre Bósnio em 'Quo Vadis, Aida?', filme indicado ao Oscar | 2021

NOTA 9.0

Por Rogério Machado 

O recorte histórico do massacre ocorrido na Bósnia em 1995 é o material do roteiro de Jasmila Zbanic (também a frente da direção) em 'Quo Vadis, Aida?', filme que está na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Internacional e com boas chances de destronar o favorito 'Druk - Mais uma Rodada', representante da Dinamarca. A narrativa mistura ficção e vida real ao inserir uma tradutora da ONU (uma personagem criada para a trama) naquele contexto de guerra, cujo prenúncio da desgraça rondava sua família.

No longa conheceremos Aida (Jasna Djuricic), uma dedicada tradutora  que mora em Srebrenica, uma pequena cidade na Bósnia. Durante o conflito com os sérvios ela trabalha para a ONU numa equipe de manutenção da paz. No entanto, de repente a região é tomada pelo Exército da República Srpska. Agora ela, o marido e os filhos estão presos em um acampamento junto com milhares de cidadãos bósnios. Como uma pessoa de dentro das negociações, Aida tem acesso a informações cruciais sobre a guerra e fica responsável por interpretá-las, tanto para os grupos locais e claro, para os oficiais holandeses envolvidos na operação. 

O primeiro grande acerto da obra parte da brilhante ideia de inserir uma tradutora em meio ao conflito,  que aqui funciona como o olhar do espectador para todo o caos que aos poucos vai se instaurando na narrativa. À medida que o clima vai pesando, e o medo e desconfiança vai tomando conta de Aida, (já que ela teme pela segurança da sua família) vamos juntos com ela numa crescente de martírio e insegurança. Ela sente tudo, prevê o que está por vir, mas ao mesmo tempo se sente impotente, assim como nós, o público. Aida sabe que não existe mais controle sobre o conflito e, nem a ONU nem ninguém poderão conter a iminente desfortuna. 

Vale lembrar que o massacre teve mais de oito mil mortes de bósnios e é considerado o maior desde a Segunda Guerra Mundial. Impressiona os números se pensarmos na história recente e como a ONU permitiu que todo aquele horror acontecesse bem debaixo do seu nariz. 

O longa de  Zbanic  capta bem os momentos que antecedem ao duro impacto final. Jasna Djuricic veste de forma indefectível essa mulher que se divide entre uma mãe preocupada e aquela que tem um dever a cumprir. É com certeza uma das mais marcantes performances do ano. Não me surpreenderia se 'Quo Vadis, Aida?' levasse a melhor no Oscar 2021, o representante de Bósnia e Herzegovina é com toda certeza perfeitamente  apto a conquistar tal honraria. 


Super Vale Ver!



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