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'Collective' e o papel essencial da imprensa na luta contra a corrupção | 2021

NOTA 8.5

Por Karina Massud @cinemassud 

A corrupção mata e não acomete só países de Terceiro Mundo, ela se proliferou ao redor do planeta feito erva daninha, com a diferença que em países desenvolvidos a punição dos corruptos é certa. A imprensa é fundamental no combate a essa mazela, e sua liberdade a chave para essa guerra.

“Collective”, documentário vencedor do “Festival É Tudo Verdade” de 2020 e indicado ao Oscar 2021 na categoria, trata de uma investigação sobre uma rede de corrupção gigantesca que começou com o incêndio em 30 de outubro 2015 da boate Colectiv em Bucareste, que matou 27 pessoas e feriu gravemente 180.  Mas a tragédia não parou aí, as vítimas de queimaduras começaram a morrer de infecção hospitalar por ferimentos não fatais, algo muito suspeito que levou uma equipe do Diário Sporturilor a cobrir o caso. Investigação essa que desvendou uma rede de corrupção massiva no sistema de saúde, nas instituições estatais e fabricantes de desinfetante, num efeito dominó que parecia não ter fim.

Um escândalo chocante que encontra paralelo na tragédia brasileira da Boate Kiss na cidade de Santa Maria, que matou 242 pessoas e deixou 680 feridos - só que na Romênia  os culpados foram punidos severamente -, assim como o poder público, hospitais e a indústria farmacêutica levaram um chacoalhão. 

O filme do diretor Alexander Narnau tem uma abordagem investigativa corajosa e de denúncia contra o governo, com alguns toques sensacionalistas desnecessários, mas que não comprometem o resultado final. O longa traz testes clínicos, testemunhos dos  funcionários dos hospitais e familiares das vítimas, reuniões de pauta  da equipe pontuadas pelo trauma das vítimas, aqui representadas por uma moça com queimaduras graves e sem as mãos, que posa nua para um fotógrafo como parte da denúncia e trajetória de aceitação. Até que se chega à queda do Ministro da Saúde e a relação do governo com empresários inescrupulosos enriquecendo às custas de vidas alheias. Qualquer semelhança com a situação que vivemos, onde faltam remédios para combater o COVID devido às máfias dos laboratórios e indústria farmacêutica, não é mera coincidência, o ser humano é vil e não titubeia em tirar proveito de catástrofes.

Esse olhar amplo do documentário sobre todos os inúmeros desdobramentos do caso comprova a importância dos meios de comunicação pra mobilizar a população diante de tragédias e pressionar o poder público para punir seus órgãos ineficientes e corrompidos. Um documentário com uma narrativa bem desenvolvida, que dá um orgulho imenso da liberdade e obstinação do Quarto Poder que é a imprensa.


Vale Ver!





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