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'Lucicreide Vai pra Marte' é comédia instável, mas é salva pelo talento de Fabiana Karla | 2021

NOTA 7.5

Por Rogério Machado 

Fabiana Karla esteve no ar com Lucicreide por mais de 5 anos no extinto Zorra Total. A dupla impagável com Carretel (Nelson Freitas),  conquistou o público pela naturalidade com que sempre defendeu sua personagem nordestina e verborrágica.  Talvez pela intimidade com o sotaque, essa pernambucana tenha causado tanta empatia no público e mereça ver sua cria ser alçada ao posto de estrela de cinema. O filme chegou aos cinemas há cerca de um mês, mas teve seu processo de estreia interrompido por conta de um novo fechamento das salas.


Na trama, Lucicreide (Fabiana Karla) vê sua casa virar um inferno depois da chegada de sua sogra, que despejada, resolve morar por lá. Abandonada pelo marido e sem conseguir liderar seu lar diante dos seus cinco filhos, ela só tem o desejo de ir embora para bem longe. Sem entender a dimensão de uma viagem espacial, Lucicreide  aceita participar de uma missão que levará o primeiro homem ao planeta vermelho e é inscrita pelo filho de seus patrões, Tavinho. Ele lembra que seu pai estava selecionando uma pessoa para integrar um treinamento que levaria um brasileiro ou brasileira para Marte. Acreditando que vai deixar seus filhos felizes, parte para o treinamento em Cabo Canaveral, nos Estados Unidos.

A abertura de 'Lucicreide' é nitidamente muito superior. O núcleo com os filhos, nas sequências em que contracena com a sogra Zefinha (vivida pela famosa Dona Irene, que fez sucesso no You Tube e depois foi parar na tevê) são sem dúvida as com maior potencial cômico, e por sua vez as mais orgânicas. A condução do cineasta Rodrigo Cesar (em seu primeiro longa metragem) demonstra fluidez, ainda que na segunda parte o humor dê lugar aos efeitos especiais e a tecnologia empregada na produção, já que o filme teve filmagens na própria NASA, com direito a usar o mesmo protótipo de avião que Tom Cruise, quando filmou 'A Múmia'.

Ainda que seja instável na construção cômica do segundo ato, a narrativa ainda consegue algumas poucas sequências que nos arrancam risadas, como o treinamento na câmara de gravidade zero ou quando um macaquinho, uma espécie de mascote da equipe de astronautas responsáveis pelo recrutamento, está em cena com o elenco.  É evidente que o sotaque carregadíssimo da personagem título pode prejudicar em alguns momentos, mas no fim, não entender uma 'prosa' ou outra acaba contribuindo pelo jogo empático que a atriz estabelece com sua 'criatura'. 

Mesmo dentro de uma comédia, percebemos mensagens claras a despeito de preconceitos diversos, como para com a posição social, por exemplo,  e claro, a xenofobia. Ainda que não abordada abertamente, sabemos que mesmo com um discurso mal aproveitado, valeu a simples ação de inserir uma personagem regional e popular em um ambiente totalmente oposto. A mistura inusitada teve êxito pois à frente está uma das grandes comediantes do país e o melhor, com lugar de fala para a representatividade em questão. 


Vale Ver!



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