'Seaspiracy: Mar Vermelho' choca ao expor os crimes da pesca comercial | 2021
NOTA 8.0
Por Eduardo Machado @históriadecinema
Estava tudo na nossa cara, mas a gente não percebia. Quem, de nós, alguma vez na vida, não pensou em substituir a carne vermelha pelo peixinho, sob o argumento de que estava agredindo menos o meio ambiente? Quem aqui ainda acha que o grande vilão dos mares é a poluição e excesso de lixo plástico, como sacolas e copos? Se você é uma dessas pessoas, adianto que ficará chocado ao assistir ao documentário “Seaspiracy: Mar Vermelho”, recentemente disponível na Netflix.
Dirigido e narrado pelo cineasta britânico Ali Tabrizi, de 27 anos, o filme mostra o impacto devastador que a pesca comercial está tendo sobre a vida marinha e expõe o mundo corrupto da indústria multibilionária de pesca comercial que muita gente, como eu, nem sabia que existia.
Tabrizi nos leva do Japão à França, da Escandinávia à África, nos mostrando como drenamos recursos do maior reservatório de carbono do nosso planeta. E ele não se furta em nos chocar com imagens de baleias reduzidas a montes de carne e sangue e peixes criados em cativeiros sendo comidos vivos por uma epidemia de piolhos.
Pela metade do filme já estamos paralisados e entendemos a incoerência que é pedir à população comum que não use canudos e copos descartáveis, enquanto mais da metade do plástico que se encontra no mar é proveniente, não do nosso lixo, mas de material de pesca.
Ao tentar nos chocar, entretanto, o documentarista acaba simplificando demais uma questão deveras complexa. Como pedir que as pessoas parem de comer peixe, se, como ele mesmo mostra no documentário, essa é a base da alimentação de milhões de pessoas que não têm outra coisa para comer? O próprio veganismo tem as suas questões. O buraco, em termos claros, é muito mais embaixo do que o cineasta, talvez ingenuamente, pensa que seja, mas o filme funciona bem como denúncia de algo que está em frente aos nossos olhos sem que demos a devida atenção.
Vale Ver!
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