Adsense Cabeçalho

'Army of The Dead' : Invasão em Las Vegas é o supra sumo de extravagâncias de Zack Snyder | 2021

NOTA 9.0

Viva Las Vegas!

Por Vinícius Martins @cinemarcante 

2021 tem sido um ano em que muito se fala em Zack Snyder. Após o aguardado lançamento de seu corte oficial do filme 'Liga da Justiça', chega ao catálogo da Netflix uma obra ousada e divertida que, apesar de não apresentar novas resoluções para a temática dos mortos-vivos, é o feijão com arroz mais criativo dos últimos tempos. Em 'Army Of The Dead' não vemos Snyder reinventando a roda, mas sim tunando um carro já conhecido com alguns novos acessórios bem atrativos e descolados (a começar pela trama), trazendo um dinamismo diferente ao gênero dos filmes de zumbi e fugindo (ou tentando, pelo menos) fugir da construção formuláica que se estabeleceu em películas assim.


Como fez em seu primeiro longa-metragem,
'Madrugada dos Mortos', de 2004 - que é um remake e uma homenagem que ovaciona a filmografia do grande George Romero -, Snyder explora com maestria os conflitos humanos enquanto constrói o caos como cenário a ser derrubado. As tensões se estabelecem em diálogos despretensiosos que, inesperadamente, convergem em um conflito mortal com o encontro de núcleos distintos; como, por exemplo, a cena do elevador em 'Madrugada dos Mortos'. Aqui, no caso, esses encontros ocasionais são amplificados com a presença de zumbis inteligentes e socialmente organizados, que tomaram Vegas para si e construíram ali dentro uma comunidade estável - comunidade essa que é perturbada por um grupo de mercenários, liderados por Scott Ward (Dave Bautista), que invadem Vegas para roubar U$200.000.000,00 antes que o governo americano exploda a cidade com uma bomba nuclear.

Forma-se, então, um esquadrão incomum de especialistas em matar, roubar, invadir e pilotar, que configura inclusive indivíduos que estão ali explicitamente para morrer. Apesar disso, Snyder consegue a façanha de levar o público a se importar com eles e até lamentar suas mortes, quando acontecem, e isso vem desde o prólogo do filme. Com seu elenco de bons bandidos, Snyder criou um protagonista durão que é humanamente sensível; uma montanha de músculos que precisa usar óculos durante a matança, um machão que destroça zumbis como moscas mas tem o sonho de abrir um food-truck, um brutamontes que se envolve com todo tipo de gente mas que não consegue manter uma relação natural com a própria filha. Como um todo, Scott Ward difere em muito dos super-heróis que vimos Snyder levar às telas nos últimos anos, e isso é estranhamente encantador.

Ao retornar ao gênero de sua estreia, Snyder conseguiu fazer um filme ágil, prático e imensamente divertido - mas que, infelizmente, não consegue escapar de algumas armadilhas que ele mesmo criou. O final do filme, especificamente, é bastante previsível desde o começo da narrativa (não que isso seja um problema), mas acaba incomodando justamente por ter o mesmo defeito de 'O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos', de 2014. Enquanto a versão de cinema do longa de Peter Jackson não dá um desfecho para o elemento que motivou a jornada (a vastidão de ouro dentro da Montanha Solitária), 'Army Of The Dead' não resolve a questão da motivação da filha de Ward, Kate (Ella Purnell), que decidiu participar da empreitada por um motivo nobre que é convenientemente ignorado no fim das contas.

Contudo, 'Army Of The Dead' é um entretenimento rico e plausível, com efeitos visuais e maquiagens que enchem os olhos dos apreciadores de pequenos detalhes. E a produção é resultado do esforço e do gênio criativo de seu diretor, produtor e roteirista (que aqui assina também a direção de fotografia, com muito talento, por sinal), que conseguiu contornar vários problemas para realizar seu novo projeto - como a substituição de Chris D'Elia após o mesmo se envolver em um escândalo de pedofilia, colocando a atriz e também comediante Tig Notaro no lugar com o uso de CGI, evitando assim uma série de refilmagens e mantendo o calendário do filme em dia. Por fim, Snyder merece aplausos pela obra caricata e divertida que realizou com um orçamento tão enxuto, colocando na tela seu projeto de quase duas décadas e entregando ao mundo uma fuga eficiente da difícil realidade do mundo real no tempo de sua estreia. 

PS: há uma referência sutil ao SnyderCut aos 36 minutos, na cena em que eles se imaginam abrindo o cofre


Super Vale Ver!





Nenhum comentário