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O Informante: filme recém chegado ao catálogo da Netflix é uma pérola de tensão e ansiedade | 2021

NOTA 8.5

Por Vinícius Martins @cinemarcante 

Existe um pensamento de que gosto muito, da saudosa (e infelizmente já falecida) Fernanda Young, que diz: "Não há como ter, ou manter sonhos, quando o melhor que pode acontecer com você é não piorar". Como que com um aceno a essas palavras tão cruéis e reais, o filme 'O Informante', de 2019 (mesmo ano em que Young se foi), dirigido por Andrea Di Stefano (diretor de 'Escobar: Paraíso Perdido') e baseado no livro sueco 'Tre Sekunder' de Anders Roslund e Borge Hellström, é uma obra que faz valer as palavras de Young em sua forma mais perversa. Quando um soldado ex-reformado pelo FBI se infiltra na máfia e as coisas saem do controle, tudo desmorona inesperadamente e ele vê sua família sendo perseguida por todos os lados. A grande questão aqui é: como sair disso? Na dúvida sobre em quem confiar, a jornada do protagonista se estabelece como um oceano de reviravoltas e segredos. Ele aceita manter o disfarce e ir para a cadeia, onde ficará à própria sorte e terá que se virar para desmantelar as organizações criminosas que o persegue, a com e a sem farda.

Nesse contexto, situações extremas exigem atitudes extremas. Em uma trama movida por ameaças e traições sutis, é um exercício intenso assistir o desenrolar dos eventos com a crescente sensação de impotência perante as forças maiores exercidas por aqueles que movem as peças do tabuleiro, e acompanhar o "peão" Pete Koslow (vivido com uma entrega notável pelo ótimo Joel Kinnaman) é algo aflitivo e ao mesmo tempo excitante. Em suma, este é um daqueles filmes em que tudo caminha para o erro e no fim das contas… bem, é óbvio que não vou falar. É melhor você assistir e descobrir onde tudo vai dar. Contudo, se há algo que posso dizer é que o elenco adicional é composto por Rosamund Pike, Clive Owen, Ana de Armas e Common é espetacular. Ninguém "reinventa a roda", mas o envolvimento com os papéis é cativante e desenha a conexão com a jornada de cada um como algo palpável, fazendo o público se importar de fato com o que acontece com eles.

'O Informante' é um filme tenso, dinâmico e extremamente aflitivo. Os excessos cometidos perante a necessidade da sobrevivência são reflexos naturais de quem tem tudo a perder, e que ainda assim arriscou o que tem para dar uma oportunidade de recomeço para si mesmo. O que é deixado após a exibição é a intrínseca sensação de ruptura entre o que é minimamente necessário e inerente à vida, e com isso argumenta-se se o preço a ser pago para alcançar alguns objetivos vale a pena no fim das contas. A traiçoeira jornada de Koslow se justifica no ímpeto individual de sobrevivência e justiça (que aqui quase se confunde com o que entendemos como vingança, nesse caso contra um sistema de máscaras e promessas quebradas por parte de corporações que operam na informalidade para conquistar a "paz" às custas de mentiras e sacrifícios de inocentes). O informante infiltrado, ao final, é uma vítima causal de sua própria honra.


Vale Ver!



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