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'Raia 4' usa o meio da natação para retratar conflitos da adolescência | 2021

NOTA 6.5

Por Rogério Machado 

'Raia 4' é apenas o primeiro longa do cineasta gaúcho Emiliano Cunha, que começou com o pé direito: o filme foi destaque em festivais internacionais e no prestigiado Festival de Gramado em 2019, onde levou os prêmios de Júri da Crítica, Fotografia (assinada por Edu Rabin) e Melhor longa gaúcho.  Muito embora o filme se enquadre com um suspense psicológico, Cunha tem uma abordagem quase poética da fase mais complicada da vida: a adolescência. Depois de muito tempo de sua passagem nos Festivais (também nos do Rio e São Paulo), o filme finalmente chega ao circuito comercial. 


A produção trata da “difícil e cruel adolescência” de Amanda (Brídia Moni), uma atleta de natação com 12 anos. Ela passa a maior parte do tempo na piscina. Sem a preocupação e cuidado suficiente dos pais, que são médicos e trabalham o tempo todo,  o espaço debaixo da água lhe oferece uma certa sensação de segurança. Ela ama a modalidade e espera se destacar por meio dos treinos duros. No entanto, Amanda tem uma forte rival - a colega Priscila. A concorrência entre as duas adolescentes se estende da piscina para todos os aspectos da vida, como a disputa pelo mesmo garoto do grupo de amigos por exemplo.

Amanda é uma menina diferente das demais, vive introspectiva e rejeita investidas  de garotos. Em dado momento a narrativa tende a nos confundir e achar que ela tem tendências homossexuais, mas isso vai se desfazendo aos poucos, quando vemos que o objetivo dela é (ainda que de um jeito torto) 'destronar' a amiga que é destaque naquele grupo. 

Muito embora a produção se auto intitule como um suspense psicológico, fica difícil notarmos traços de tal gênero. O desenvolvimento fica devendo para que mergulhemos a fundo na mente da garota. O descaso dos pais para com Amanda não chega a incomodar, e a representação da deformidade desse lar é falha ao não introduzir quaisquer conflitos que nos aproxime do drama da protagonista. Talvez isso também se deva a inexperiência  da jovem atriz em absorver tamanha complexidade de um papel como esse. Já que se trata de um papel de estreia, chega a ser compreensível. 

Sobram as belas tomadas debaixo d'água aliadas à trilha sonora etérea, que acabam de tornando a cereja do bolo do longa. O tema proposto no debate não chega a ser alcançado, mas há que se considerar o requintado nível técnico da produção. É o cinema gaúcho, galgando seu espaço pouco a pouco. 


Vale Ver Mas Nem Tanto! 



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