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'A Boa Esposa' é comédia genérica, mas marcada pelo talento de Juliette Binoche | 2021

NOTA 7.5

Por Rogério Machado 

Juliette Binoche é com certeza uma das atrizes mais versáteis e multifacetadas da atualidade. Não bastasse isso, ela também é uma das poucas num seleto hall de estrelas que galgam êxito não só em trabalhos em sua língua nativa, o francês,  como no fechado circuito hollywoodiano, em trabalhos que se dividem entre produções autorais e outros de maior alcance, os famosos blockbusters. Em 'A Boa Esposa', que chega essa semana aos cinemas, mais uma vez ela reforça a ideia do quanto pode ser camaleônica. Qualidade essa que sempre a deixará numa zona muito confortável, mesmo que o trabalho em questão - como é o caso aqui - não se configure como memorável.


Na história Binoche é Paulette Van Der Becke. Ela e  seu marido, Robert (François Berléand) dirigem uma escola que capacita mulheres para serem boas esposas há muitos anos. Sua missão é treinar adolescentes para se tornarem donas de casa perfeitas no momento em que se espera que as mulheres sejam subservientes aos maridos. Após a morte repentina de seu marido, Paulette descobre que a escola está à beira da falência e tem que assumir suas responsabilidades. Mas enquanto os preparativos estão em andamento para o melhor programa de TV de competição doméstica da França, ela e suas animadas alunas começam a questionar suas crenças enquanto os protestos de maio de 1968 em todo o país transformam a sociedade ao seu redor.

Quando o marido de Paulette morre, morre também o conceito de subserviência e do machismo que era incutido na cabeça das meninas do instituto dia a dia por ela. A mudança acontece com certa resistência em com direito a um tom caricato, vestido com maestria por Binoche. Esse é o momento em que o filme promete ficar mais divertido, mas não aproveita o momento para apostar no cômico com melhor assertividade. O desenvolvimento fica engessado, e a produção perde a chance de ser eficiente tanto na mensagem quanto no humor, empregado aqui com reservas, salvo em raríssimos momentos. 

Tendo a revolução sexual feminina como pano de fundo, a narrativa deixa tardiamente o ponto de virada para os minutos finais, tanto que soam incômodas - mesmo se tratando de uma comédia - as drásticas mudanças pelas quais as protagonistas (super conservadoras!) passam à medida que as surpresas vão fazendo com que o belo castelo da super mulher devota ao marido (ou a sociedade) se desmorone. 'A Boa Esposa' é o clássico caso da ideia brilhante que deixa a desejar pela falta de coragem em investir no novo, que aqui até aparece, mas usado tarde demais. E pra ninguém dizer que não fui enfático: Juliette Binoche ainda sim é o melhor motivo para a espiada. 


Vale Ver!



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