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'Rogai por Nós' : produzido por Sam Raimi, longa se perde nas teorias para evocar o horror | 2021

NOTA 6.0

Por Rogério Machado 

A dobradinha  horror x dogmas religiosos vez por outra retorna às telas afim de arrebanhar os fiéis fãs desse nicho. Produções mais ousadas (e outras nem tanto) se valem do sagrado - tema que em geral chama a atenção de religiosos e não religiosos - e à ele adicionam elementos e teorias que acabam por desenvolver  tramas que, apesar da fantasia em que o gênero se insere, se tornam não só coerentes como realmente interessantes. Em 'Rogai por Nós', ainda em cartaz em alguns cinemas, a história acaba se  enrolando pelo excesso de adereços e a ausência do terror. 


O filme conta a história de Alice (Cricket Brown), uma jovem com deficiência auditiva que, após uma suposta visita da Virgem Maria, é inexplicavelmente capaz não só de  ouvir e falar, mas também de  curar os enfermos. À medida que a notícia se espalha e pessoas de perto e de longe se reúnem para testemunhar seus milagres, Gerry Fenn (Jeffrey Dean Morgan), um jornalista decadente que espera reviver os momentos de glória em sua carreira, visita a pequena cidade da Nova Inglaterra para investigar o fenômeno. Quando eventos terríveis começam a acontecer por toda parte, ele começa a questionar se esses fenômenos são obras da Virgem Maria ou de algum espírito maligno presente no lugar há milhares de anos. 

Sam Raimi, prolífico produtor, roteirista e diretor, que tem grandes franquias sob sua assinatura - 'Homem Aranha' (2002-2007), 'O Grito' (2004) e 'Uma Noite Alucinante' (1981) - deixa a direção a cargo do grego Evan Spiliotopoulos, que até constrói uma trama engenhosa mas se esquece de adicionar o principal ingrediente numa empreitada como essa: o horror. As poucas cenas que nos remetem a razão de existir do longa, não passam de jump scares utilizados indiscriminadamente , e ainda por cima em sequências bem óbvias. 

Mesmo pisando em um campo minado, ao misturar a figura da Virgem Maria com o de um espírito oprimido que está aprisionado há mais de cem anos, o longa não espalha heresia quando diz que o demônio está ao redor quando um milagre acontece. Essa correlação é explorada com responsabilidade e ainda motiva algumas críticas interessantes sobre fanatismo, os famosos 'caça-milagres' ou ainda a despeito dos charlatões no meio santo, cujo argumento se confirma no subir dos créditos ao estampar na tela o versículo quinze do capítulo sete do livro de Mateus, na Bíblia: "Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores."

Entre erros e acertos, porém, o que mais incomoda é o retrato de um protagonista avesso ao sagrado e que acaba virando a chave no decorrer da trama. Esse sacrilégio, ao menos, poderia ter sido evitado. 



Vale Ver Mas Nem Tanto!



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