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'Saída à Francesa' traz Michelle Pfeiffer como uma socialite falida e misteriosa | 2021

NOTA 7.5

Por Karina Massud @cinemassud 

“Oh...todo aquele adorável dinheiro!”... essa frase dita pela socialite americana Frances resume a tônica do filme “Saída à Francesa”, comédia dramática que gira em torno dessa personagem cáustica mas adorável. Dinheiro é o que faz o mundo girar, é o fator que invariavelmente define o status das pessoas na sociedade, sem ele pode-se ir do céu ao inferno rapidamente.

“Sair à francesa” significa ir embora de um lugar discretamente sem se despedir de ninguém, é ter timing pra sair no meio da festa sem ser notado e com refinamento. O título do filme estrelado por Michelle Pfeiffer tem um ótimo duplo sentido, pois ela, o filho sem graça e o gato preto, depois de falidos saem da sociedade e do país indo literalmente para a França se hospedar no apartamento parisiense de uma amiga. Porque rico quando perde tudo e fica pobre não vai parar no subúrbio, vai morar de favor no bairro mais chic de Paris e frequentar seus cafés mais charmosos com os poucos euros que restaram do leilão das obras de arte.

Frances é o coração do filme. Ela é vivida por Michelle Pfeiffer com toda fleuma digna de uma ex-milionária do Upper East Side nova iorquino que jamais perde a pose.  Ela tem a voz grave e a fala pausada, como se desdenhasse o tempo todo dos reles mortais, sempre segurando um cigarro com os dedos e unhas longas, e reagindo de maneira blasée até quando é informada que não lhe resta mais nada da fortuna deixada pelo marido. Frances não desce do salto nunca, e sua presença imponente ocupa todas as cenas que flertam com o fator mistério, pois não sabemos se os boatos que pairam sobre ela são verdadeiros - até nisso ela é discreta e jamais responde aos curiosos.  Ela vive num mundo paralelo, bem distante da realidade onde nada parece alcançá-la. Um trabalho que poderia ser uma caricatura mas na pele de Michelle Pfeiffer se torna brilhante, uma atuação com nuances que só grandes atores conseguem passar. A socialite é engraçada com seu jeito de rica esnobe, irrita com sua frieza e até comove com leves toques de humanidade. Todos esses predicados a tornam amada e odiada na mesma proporção, mas jamais despercebida.

No meio da trama entram coadjuvantes bacanas: uma vidente, um detetive, a amiga que empresta o apartamento em Paris, a ex-namorada do filho insosso e uma nova discípula de Frances. Todos com diálogos irônicos que beiram o besteirol, pois aí entra o componente sobrenatural, que é o espírito do marido falecido que reencarnou no gato preto; ele fugiu e todos estão a sua procura. O filme perde o ritmo de glamour e cenas europeias a la Woody Allen da primeira metade e vira uma inusitada combinação que deixa estranheza no ar.

“Saída à Francesaé um filme curioso que representa toda burguesia falida - moral e financeiramente - mas que insiste em viver de aparências, pois o que os outros pensam deles é a única coisa que importa na vida. Diversão despretensiosa que está disponível no NOW.


Vale Ver!




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