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A falsa defesa da pátria para atacar direitos humanos em "O Mauritano"| 2021

NOTA 7.5

Por Eduardo Machado @históriadecinema 

O patriotismo é um conceito vago com o qual tenho, particularmente, dificuldade de lidar. A maioria dos estadunidenses, entretanto, não tem problemas com essa questão e defendem a sua bandeira a todo custo. Mas eu aqui indago: o que seria defender os Estados Unidos?

O filme “O Mauritano” conta a história real de Mohamedou Slahi (Tahar Rahim), um homem que, em novembro de 2001, foi preso em seu país, a Mauritânia, por suposto envolvimento com os ataques de 11/9, e enviado à base militar de Guantánamo, em Cuba, onde um festival de violações aos direitos humanos é permitida. Afinal, seria um mauritano tão humano quanto um americano? Ora, a gente assim vale o mesmo tratamento dado aos porcos, algum cidadão do Texas é capaz de dizer.

Ocorre que, ao contrário do que pensa eventual cidadão texano, a questão sobre a inocência do protagonista é menor diante das atrocidades que contra ele são cometidas. O diretor Kevin Macdonald – um escocês que nem sequer pode ser acusado de antipatriotismo – tem absoluta ciência disso e constrói o seu longa com pouco interesse em investigar as causas da prisão de Slahi, mas com afinco para expor os podres do estado americano.

Foram anos que Slahi passou preso em Cuba sem nem ter tido acesso a um julgamento. A responsável por tentar melhorar a sua situação foi a advogada Nancy Hollander (Jodie Foster), que também pouco se importa se ele era culpado ou não. Não se trata disso. Garantir que Slahi tenha um julgamento justo é defender que todos tenham o mesmo direito. Isso deveria ser óbvio, mas, para muitos patriotas, isso ainda é uma questão.

No cinema e na televisão, personagens como Jack Bauer exportaram a ideia de que a utilização de táticas extremas de tortura seriam aceitáveis em circunstâncias específicas. Os efeitos colaterais, entretanto, são irreversíveis. Você pode ganhar as informações que quiser, mas perde com elas a nossa confiança no sistema.

Ah, “O Mauritano” não recebeu indicações ao Oscar. Talvez, enfim, os votantes tenham apelado para o patriotismo. 


Vale Ver!







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