“A Guerra do Amanhã“ não é só mais um filme apocalíptico | 2021

NOTA 8.0

Por Karina Massud @cinemassud 

Viagem no tempo, aliens dizimando a espécie humana, o herói desiludido, guerra do fim do mundo e dramas familiares. Você pensa: “lá vem mais um filme de futuro distópico”. Pois eu te digo, caro leitor, há diferenciais no roteiro engenhoso de “A Guerra do Amanhã” que prendem o espectador em cada minuto das 2h18m de filme. 

Estamos em dezembro de 2022 numa final de Copa do Mundo, quando no campo do estádio surgem, através de um portal, guerreiros vindos do futuro implorando por ajuda para enfrentar extraterrestres inimigos que estão destruindo  a humanidade. Dan Forester (Cris Pratt) é o nosso herói, um ex-militar e professor de biologia frustrado por não ter o emprego dos sonhos. A guerra desencadeada dali 30 anos desestrutura todos os países, que passam a alistar civis para ir lutar, mas claro que pessoas destreinadas não dão conta e a maioria não volta. O planeta entra em colapso, tanto no apocalipse futuro quanto no presente caótico.

Se você soubesse que o mundo iria acabar dali a três décadas, que o fim do mundo é inevitável, você seguiria com seus planos? Iria estudar pra entrar na faculdade? Teria filhos? Ou simplesmente chutaria o pau da barraca e iria curtir a vida? Esse “spoiler” da vida dos personagens da trama causa grande impacto em todas a sociedades. Pois bem, eis aqui o grande diferencial do filme: essa vibe niilista de vazio e falta de sentido pra vida é  seu grande trunfo. Esses questionamentos e a total falta de esperança infelizmente não são tão explorados na trama quanto a ação propriamente dita, mas ainda sim fazem a diferença e trazem reflexões atuais, afinal também vivemos um momento “sui generis” e bem grave de insegurança em relação ao dia de amanhã.

Todos os clichês de blockbusters do gênero estão presentes: aliens matando humanos, salto temporal, a general fria e durona, e por fim o herói que sozinho salva a Terra. Eles funcionam e servem de contraponto para os excessos que estendem demais a trama e as frases de efeito piegas. O suspense é criado em cima da sugestão, a velha lição do mestre Hitchcock, - o que não é visto é mais temido -; e a ameaça das criaturas acaba sendo mais aflitiva que elas próprias. Os extraterrestres chamados “garras brancas” são muito assustadores, um misto de demogorgon albino, velociraptor e xenomorfo, só vendo pra saber – eu gostei bastante. 

Muitas explosões, pancadaria e perseguições insanas garantem o clima de tirar o fôlego, permeados pelos dramas batidos mas que emocionam diante da perspectiva de que não haverá um futuro. Há também o sempre fascinante paradoxo temporal (o que poderia acontecer se eu fosse pro futuro e me encontrasse lá) que é resolvido com uma solução inteligente no roteiro.

Um filme nitidamente pensado para a telona em 3D, mas que devido à pandemia foi lançado direto no serviço de streaming da Amazon Prime Video. Entre alguns erros e muitos acertos, “A Guerra do Amanhã” é entretenimento de qualidade para toda família.

Vale Ver!