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O tributo da Netflix ao terror antigo com 'Rua do Medo: 1994' | 2021

NOTA 9.0

Quando isso acabar vamos ter a melhor noite de nossas vidas, mas agora você precisa morrer.

Por Vinícius Martins @cinemarcante 

Em seus primeiros minutos de exibição, 'Rua do Medo: 1994' se posiciona como um terror psicótico bem ao estilo dos tantos outros formuláicos e gastos que já conhecemos, e faz seu público pensar que está diante de apenas mais um daqueles em que um assassino serial aterroriza uma cidadezinha e só se descobre sua identidade no final, em alguma grande reviravolta cheia de surpresas e sustos sanguinolentos; mas este filme não é um desses. Que doce engano! O que se desenrola em seus 100 minutos é uma frenética correria frente à morte que pouco se apega a fórmulas, dirigida por Leigh Janiak e distribuída pela Netflix.


É inevitável a recordação de 'Pânico', e não é para menos; a abertura do filme, com um telefonema e um assassino encapuzado com uma faca correndo atrás de uma donzela já é algo que o público que conhece Sidney Prescott conhece muito bem. Até mesmo a jogada ousada de colocar o nome mais famoso do elenco como a primeira grande vítima (Drew Barrymore em 'Pânico' e Maya Hawke aqui) é a mesma. Contudo, embora essa semelhança inegável exista e pareça até um plágio, ela só está lá para ser quebrada e mostrar ao público que este não é um daqueles filmes. O foco aqui não é manter a identidade do assassino em segredo, mas sim sua motivação - e é assim que o filme se desenvolve e cresce, sem guardar segredos sobre o que seria óbvio de se esconder, e escondendo o que seria óbvio mostrar.

Ao inverter suas prioridades e tirar do centro a aura de mistério e investigação de identidade, o longa assume uma postura de aventura adolescente e fantasia, mesclando elementos que lembram séries como 'Stranger Things' (o teor de desbravamento) e 'Dark' (a ambientação em pequena escala, com uma cidade pequena como cenário de grandes acontecimentos conectados entre longos intervalos de tempo), ambas também da Netflix. E no meio disso tudo, colocando ainda uma belíssima ambientação noventista na tela, o filme presta uma homenagem divertida e justa ao trabalho brilhante de Wes Craven e ao seu terror inventivo e intuitivo.

Sendo uma surpreendente narrativa de amor, com um casal em crise e um nerd apaixonado pela garota popular do colégio, o filme se mostrou ser um grande clichê inovador, se é que a combinação dessas duas palavras juntas é possível. O terror gore, assim como jump-scares, é encontrado com mais intensidade na medida em que a trama avança, e isso coloca a obra em uma posição que deve agradar a maioria dos amantes do gênero dada a múltipla abrangência de estímulos e estilos. Com o segundo filme, que resgata o clima da década de 1970 do clássico 'Sexta-Feira 13' (o primeiro, no caso, onde somos apresentados ao Jason de forma conceitual em um acampamento), veremos uma amarração de pontas que levará ao clímax em 1666, que é a terceira parte dessa trilogia deliciosamente perversa. Essa homenagem ao terror dos anos 1990 é mais um triunfo da Netflix, que arriscou um chute no ângulo e conseguiu acertar mais uma vez.


Super Vale Ver!



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