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'Space Jam: Um Novo Legado' se inspira no passado, mas mira no futuro | 2021

NOTA 6.5

Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica 

O fator nostalgia tem sido um dos recursos mais utilizados nos últimos anos, e se até pouco tempo víamos a década de 80 como a mais reverenciada das décadas, pouco a pouco os anos 90 vem sendo resgatado, o que não é uma surpresa já que do ponto de vista narrativo e tecnológico, foi um período de muitos marcos importantes para o cinema. Nessa onda surgiu ‘Space Jam: O Jogo do Século’, que reuniu os carismáticos Looney Tunes e o maior jogador de basquete de todos os tempos, Michael Jordan, além dos ótimos Bill Murray e Wayne Knight, atores consagrados no humor. A fórmula funcionou e o filme angariou fãs no mundo todo, mas como todo recurso que dá certo, era só uma questão de tempo para que ela fosse aplicada novamente.

'Space Jam: Um Novo Legado' não é uma sequência, muito menos um reboot. Essa afirmativa foi feita pelo próprio LeBron James em recente entrevista, e por mais que isso não agrade os fãs do longa de 96, a lógica faz sentido dentro da proposta, afinal 25 anos separam as obras e foram duas décadas e meia de progresso tecnológico e mudanças de geração que não podem ser ignoradas. Assim como sugere o título, a história busca um novo legado.

Do original restou apenas a inspiração. Na trama acompanhamos LeBron James com problemas para se conectar com o filho, Dom James (Cedric Joe), que mostra grande aptidão na criação de games, mas se vê frustrado por não ter seu talento reconhecido pelo pai, que por sua vez espera do filho a dedicação para, assim como ele, se tornar um grande astro do basquete. Em visita aos estúdios da Warner Bros, LeBron é sequestrado pelo vilão Al G (Dom Cheadle) e para recuperar seu filho, precisa se unir aos Looney Tunes em uma épica partida de basquete.

Todo o trabalho gráfico é impecável, o que justifica o orçamento robusto de 150 milhões de dólares. Com uma excelente sequência em 2D no segundo ato, o filme equilibra bem a transição para o 3D e com o capricho das texturas e a fluidez dos movimentos, o real e o digital dialogam sem nenhum traço de estranheza. O mesmo não se pode dizer do desempenho de LeBron James, que embora não se espere uma grande atuação, uma vez que não é ator profissional, a interação com o digital dificulta ainda mais, tornando sua interpretação artificial, e mesmo seu imenso carisma e apelo popular não são suficientes para salvar algumas cenas que evidenciam a pouca ou nenhuma preparação nesse sentido.

Também é evidente o uso do filme como plataforma de propaganda da Warner. A todo momento surge na tela os chamados “easter eggs”, sem qualquer contexto, como em um grande comercial. Breves instantes de referência gratuita, mas que, novamente, funcionam dentro da proposta voltada ao público alvo que aprendeu a se relacionar com o digital dessa mesma forma, num dinamismo meio desgovernado de rede social em que as coisas não precisam fazer sentido, com isso essa “gameficação” da narrativa é coerente e serve ao argumento principal.

No enredo não há espaços para surpresas, o roteiro é formuláico, previsível e apresenta aqui o aspecto de maior fragilidade do longa, acentuado pelo pouco desenvolvimento dado aos personagens animados, que apesar de já muito conhecidos e consagrados pelo grande público, mereciam mais atenção. O filme também carece de uma boa trilha sonora, algo tão marcante na versão de 96, tendo ela inclusive vencido um Grammy de “melhor musica escrita para cinema ou televisão” com a canção I Belive I Can Fly, de R. Kelly.

'Space Jam: Um Novo Legado' já vem dividindo opiniões e definitivamente não é para todos, mas é honesto desde seu título até sua estrutura, direcionando sua mensagem ao público da nova geração, que embora menos fiel que a anterior, é ávida por novidades, e quem sabe faça nascer daí uma franquia longeva e lucrativa. 


Vale Ver Mas Nem Tanto!




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