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'A Menina que Matou os Pais'/'O Menino que Matou Meus Pais': Filmes recontam um dos crimes mais impactantes da nossa história recente | 2021

NOTA 6.5 

Por Eduardo Machado @históriadecinema

No dia 31 de outubro de 2002, um crime chocou o Brasil. O casal Manfred e Marisia von Richthofen foram assassinados dentro de casa, uma mansão em bairro nobre de São Paulo, enquanto dormiam, à base de pauladas na cabeça. A principal suspeita pela autoria do crime era a jovem Suzane, filha do casal, que teria planejado os homicídios juntamente com o seu namorado à época, Daniel Cravinhos, também com ajuda de seu irmão, Cristian, na execução.

Os três – Suzane, Daniel e Cristian – foram condenados pelas mortes, mas, no julgamento ocorrido em 2006, Suzane e Daniel apresentaram versões tão conflitantes sobre o que teria os levado àquele desfecho trágico, que qualquer interessado em crimes reais já criou alguma teoria sobre o caso. Seguindo essa premissa e pegando carona em filão pouquíssimo aproveitado no cinema brasileiro, o de “true crimes”, “A Menina que Matou os Pais”  e “O Menino que Matou Meus Pais” surge interessante, sobretudo pela ideia original de encenar, em 2 filmes, as versões diferentes contadas no Tribunal.

Os filmes, entretanto, deixam a desejar, especialmente por se limitarem aos relatos dos 2 acusados, sem, no entanto, confrontá-los, investigá-los, ou mesmo traçar um perfil mais detalhado da mente doentia de quem comete um crime tão bárbaro. Ora, entende-se o apreço à justiça, mas uma obra de ficção não precisa ser tão amarrada e podem ir um pouco além. Ainda mais quando conta com roteiristas de reconhecida capacidade no gênero como Ilana Casoy e Raphael Montes. 

Ocorre que, se apegando estritamente aos depoimentos, sem avançar sobre eles, os filmes carecem de intensidade. O texto e os diálogos são previsíveis e alguns até toscos, mas, se a proposta era realmente somente encenar os depoimentos, é factível que assim o sejam, haja vista a quantidade de mentiras deslavadas que os acusados certamente contam no afã de melhorar a própria imagem perante o julgador e a opinião pública.

No mais, a despeito de todos os defeitos, é, sim, uma experiência mais que válida assistir aos filmes. Filmes nacionais, de proposta tão ousada, merecem o nosso tempo, por mais que, tecnicamente, não tenham nada de especial. Afinal, não podemos ser exigentes a ponto de esperar que o cinema brasileiro sempre produza obras primas, quando, na maioria das vezes, não há estrutura e dinheiro para tanto. 


Vale Ver Mas Nem Tanto! 



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