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Isabelle Huppert esbanja ironia e humor em 'A Dona do Barato' | 2021

NOTA 8.5

Por Rogério Machado 

Que a francesa Isabelle Huppert é uma das grandes atrizes da atualidade não é novidade pra ninguém. Mas seu novo filme, 'A Dona do Barato', que chegou na última quinta feira às salas de cinema, estabelece uma espécie de quebra da quarta parede com relação à sua carreira, que prova o quanto a atriz pode se desvencilhar de rótulos ou lugares pré-estabelecidos  e mostrar que sua versatilidade não tem limites. No filme sob a direção de Jean-Paul Salomé ('Se Fazendo de Morto' - 2013), a atriz esbanja ironia em uma trama que mistura thriller de ação e comédia com maestria. 


“A Dona do Barato” narra a ascensão de Patience Portefeux (Huppert), uma tradutora policial de francês-árabe especializada em escutas telefônicas. Após descobrir que o filho da cuidadora de sua mãe que vive em uma casa de repouso para idosos trabalha para o tráfico, ela então decide salvar o rapaz de uma grande batida policial. Em uma reviravolta surpreendente, a personagem acaba sendo sugada para uma rede de tráfico em que se torna a tal dona do barato do título, uma das maiores traficantes de drogas da França. Tudo, claro, graças aos privilégios oferecidos pelas escutas de seu trabalho.

A obra, que é baseada no romance de Hannelore Cayre, “La Daronne” (2017), tem a seu favor a maneira como equilibra humor com ação. O realizador consegue um feito tão coeso que as divisas entre os gêneros parecem não existir e acabam por se  completar. As doses de comicidade são pequenas, mas suficientemente elegantes e ácidas enquanto a ação é ininterrupta, onde o contraste da performance sempre garbosa de Huppert com as truculentas figuras do submundo do tráfico se torna o prato principal dessa inusitada trama. 

Para além de uma comédia em potencial e um thriller eficiente, estão os esforços em criar um retrato globalizado a despeito da cidade de Paris: a mistura de etnias é usada com extrema inteligência por Salomé, cada qual com suas características e costumes, tudo é aproveitado para enriquecer a narrativa e oferecer um pouco mais do que caricaturas e estereótipos. É bem verdade que o desfecho fica bem aquém do desenvolvimento eletrizante visto durante a projeção, mas sem dúvida alguma 'A Dona do Barato' (finalmente um título nacional melhor que o original inclusive) será, sem exageros, uma das melhores produções francesas que você verá esse ano. 


Vale Ver!



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