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O Silêncio da Chuva: Crime, mistério e atmosfera noir na cidade maravilhosa | 2021

NOTA 7.5

Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica 

Dirigido por Daniel Filho e com roteiro de Lusa Silvestre, 'O Silêncio da Chuva' é uma adaptação do livro de mesmo nome escrito por Luiz Alfredo Garcia-Roza. Na trama acompanhamos Espinosa (Lázaro Ramos) e Daia (Thalita Carauta), uma dupla de policiais designados a investigar a misteriosa morte do empresário Ricardo. Em meio a suspeitas e controvérsias, pessoas envolvidas no suposto crime começam a desaparecer, até que os acontecimentos tomam proporções jamais imaginadas.

Com um primeiro ato quase exclusivamente dedicado ao estabelecimento da premissa e sua ambientação, o filme se destaca logo de cara ao não cair na obviedade e não focar nos cartões postais da cidade do Rio, optando por uma identidade visual mais original, principalmente nas tomadas noturnas e chuvosas, imprimindo um ar bucólico e sombrio típico dos clássicos filmes Noir das décadas de 40 e 50. O ritmo adotado também merece menção já que mantém um equilíbrio entre a urgência nos momentos de fisicalidade e tensão nos diálogos, dessa forma nos mantendo atentos mesmo nas sequências de aparente pausa, que de forma bastante minimalista, através de olhares, feições e gestos, a narrativa vai nos conduzindo a constantes sensações de suspeita e estranheza.

As atuações são primorosas, em especial a dupla de protagonistas que desde a primeira cena nos convence de sua parceria e afinidade. Lázaro Ramos com todo seu carisma interpreta um homem inteligente, porém inseguro, sentimento esse evidenciado nas interações com a companheira de trabalho Daia, vivida pela talentosa Thalita Carauta, cuja trajetória vinda da comédia e passando pelo drama, consegue aqui nos brindar com um pouco de cada coisa, não como um alívio cômico puro e simplesmente, mas sendo ela o principal ponto de equilíbrio da trama. Vale também mencionar as presenças de Mayana Neiva e Cláudia Abreu, que possuem uma carga dramática enorme e souberam conduzir suas personagens de maneira categórica e convincente.

O roteiro é perspicaz ao desenvolver seus personagens tendo como ponto de partida clichês muito comuns do gênero, e até assumindo um tom novelesco em momentos específicos, mas no desenrolar da trama cada um vai adquirindo novas camadas, chegando a subverter o conceito inicialmente estabelecido.

Na segunda metade o filme perde um pouco de sua sutileza, apela para uma conclusão mais fechada e abusa da verborragia, mas apesar disso consegue manter o argumento coerente até o clímax, que provavelmente vai dividir opiniões, mas é uma obra corajosa por apostar em um gênero pouco explorado no país e muito sagaz ao aliar uma linguagem que aproxima e agrada desde os amantes da sétima arte até ao público casual.


Vale Ver!




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