'Cinderela' renova o conto de fadas com empoderamento feminino | 2021
NOTA 6.0
Por Karina Massud @cinemassud
Cinderela, a Gata Borralheira da fábula clássica de Charles Perrault, fascina a todos desde que foi adaptada pela Disney em 1950 e entrou para o imaginário popular como o conto de fadas dos sonhos. A história encantadora da moça que sai da pobreza, encontra o amor verdadeiro e vive feliz para sempre já inspirou incontáveis produções: “Uma Garota Encantada” (2004), “Cinderela” live-action (2015), “Para Sempre Cinderela” (1998), “Cinderela em Paris” (1957) e por quê não dizer “Uma Linda Mulher” (1990).
“Cinderela”, a nova comédia-musical da Amazon Prime, traz o clássico com alguns toques modernos que salvam a trama de ser um completo desastre. O viés feminista que valoriza o empoderamento é um diferencial que apesar de ser uma boa sacada foi pouco explorado. Cinderela, a protagonista, nunca foi tratada como um sÃmbolo feminista como Moana ou Mulan, só que dessa vez é diferente: ela não está nem aà pra casar e subir na vida através da realeza, ela quer ser estilista, uma mulher de negócios independente e com sua grife de vestidos. A irmã do PrÃncipe Encantado tem planos para acabar com a pobreza do reino, mas é ignorada pelos pais que só valorizam os filhos inúteis que passam o dia bebendo e caçando - ela também é uma ótima personagem feminista que infelizmente tem pouco tempo em cena.
O elenco poderoso confere graça ao roteiro fraco. Pierce Brosnan é o rei que está desesperado pra casar o PrÃncipe bon-vivant; e Minnie Driver tem alguns momentos divertidos como a rainha cansada da vida tediosa da monarquia. A madrasta e as irmãs da Cinderela não cativam porque ficam numa zona cinzenta de quem não é nem boa nem cruel como na história original. A cantora Camila Cabello se sai bem como a protagonista, é afinada nos números musicais e tem talento como atriz, sendo assim é bem possÃvel que siga uma trajetória promissora. Mas o melhor de tudo isso é Billy Porter, o narrador impagável e Fado Madrinho de gênero fluido, que apesar de parecer estar de mestre de cerimônias na boate da série “Pose”, é sempre fantástico em qualquer papel.
Os figurinos deixam bastante a desejar, sobretudo porque foi inevitável não criar comparação com os de 'Cinderela' de 2015, que são de uma preciosidade digna da indicação ao Oscar que recebeu. Visto que o foco da Gata Borralheira é ser estilista, era obrigatório que o figurino da trama fosse impecável.
Um dos trunfos da produção é a playlist de canções super populares encenadas em números bem dinâmicos: Queen, Madonna, Janet Jackson, The White Stripes, Seven Nation Army, Sant-N-Peppa, etc. – são hits antigos em mash up com atuais que todos conhecem e cantarolam junto do elenco. Apesar das várias falhas citadas, “Cinderela” traz o lado engajado, boas piadas e ótimas músicas que divertem quem está procurando um bom filme-pipoca.
Vale Ver Mas Nem Tanto!
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