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'Escape Room 2: Tensão Máxima' é um pastiche de boas ideias não autorais | 2021

NOTA 4.0

'Jogos Vorazes' das Organizações Tabajara

Por Vinícius Martins @cinemarcante 

Quando 'Escape Room' foi lançado, lá no longínquo 2019 (que parece ter sido outra vida), sua proposta foi até interessante. O longa trazia elementos de 'Jogos Vorazes' e 'Os Condenados' em sua mistura, puxando esses traços para o suspense em uma crescente de pânico e tensão que a mim lembrou alguns aspectos de 'Alien: O Oitavo Passageiro' pela indefinição sobre quem chegaria com vida ao final do filme e principalmente sobre quem era de fato o protagonista - mas no geral, foi apenas isso. Não se tratava de um grande filme, e nem aparentemente ambicionava ser inovador, mas cumpria com algum sucesso seu papel de ser um entretenimento ocasional esquecível, desses que a gente assiste pra relaxar e só. E agora, com a pandemia se esvaindo aos poucos, uma sequência desnecessária e totalmente mercantil surge nos cinemas para ocupar o lugar de filmes bons de verdade. É hora de comentar sobre esse desastre chamado 'Escape Room 2: Tensão Máxima'.

Tentando emular a 75a edição dos Jogos Vorazes vista em 'Em Chamas' (2013), o segundo filme sobre jovens presos em salas mortais compila elementos excelentes de outras obras igualmente excelentes, mas consegue a proeza de boicotar a si mesmo ao não desenvolver com eficácia suas próprias problemáticas, criando um Frankenstein que parece não querer ser levado a sério enquanto finge que é genial - e essa maquiagem não engana ninguém e nem torna a obra menos previsível do que já é. Há uma preguiça evidente na construção dessa sequência, que simplesmente joga seus personagens principais (sobreviventes do filme 1, tal qual a Katniss e Peeta, quando pelas "regras do jogo" apenas 1 deveria ter saído vivo) em uma situação que depende totalmente da suspensão da descrença pelo tamanho da coincidência que é ter os vencedores das edições anteriores reunidos em um vagão de um trem público exatamente na mesma hora, sem nenhum civil a mais. E se isso já parece difícil de engolir, o que se segue é só ladeira abaixo.

Zoey (Taylor Russell) tem algumas camadas com potencial para torná-la uma protagonista memorável, mas o roteiro força tanto o exercício de algumas virtudes que essas camadas acabam se perdendo no próprio complexo de grandeza em que o filme se traveste. Ocorre que Zoey não é Katniss, e os idealizadores querem que o público a considerem como tal sem nem ao menos se esforçar para promover uma empatia. Pelo contrário: o roteiro deliberadamente desdenha do público enquanto explana sua substância desengonçada na tela com um falso caráter de urgência mortal que é quebrado poucas cenas depois, trazendo personagens "mortos" de volta e tirando todo o peso dos perigos mortais que o filme fingia ter. No fim, ninguém se importa ou teme de verdade enquanto o assiste.

Contudo, não é pra menos que o filme seja só mais um entre tantos outros promissores que fracassaram devido a ansiedade de serem grandes. Seu viés episódico se dá já na primeira cena, com uma literal recapitulação do filme anterior, e se consolida na última cena, com um gancho que já era esperado desde o começo para mais uma sequência desnecessária. Infelizmente, no cinema o dinheiro muitas vezes fala mais alto do que a arte em si (ou do que a coerência minimamente estabelecida) e franquias fracas e mal idealizadas tomam o espaço de filmes que valem realmente o ingresso. Como resultado desse mercado ingrato, temos aqui um filme de 1h20 extremamente previsível que demora um bocado a passar, que não vinga nem metade do dinheiro e do tempo investidos.


Nem Vale Ver!




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