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'Quanto Vale?' – Vinte anos depois o 11 de setembro ainda nos assombra | 2021

NOTA 8.5

Por Karina Massud @cinemassud 

Moralmente o valor da vida de uma pessoa é imensurável. A dor da morte e o vazio que ela deixa jamais serão preenchidos por dinheiro algum do mundo. No entanto juridicamente é possível se calcular quanto vale uma pessoa. Mas a vida de um bombeiro valeria menos que a de um executivo? É esse o grande questionamento trazido pela trama de “Quanto Vale?”, filme baseado numa história real, quando tudo ainda era muito nebuloso depois da tragédia de 11 de setembro.

Há 20 anos acontecia o maior ataque terrorista de todos os tempos, no World Trade Center em Nova York e no Pentágono em Washington D.C., momento histórico que dividiu o mundo em Antes e Depois do 11 de setembro de 2001. Milhares de pessoas morreram e outras tantas perderam seus entes queridos, ficando sem chão e muitas vezes sem o esteio econômico da família.

Logo após os atentados o Congresso Americano nomeou o renomado advogado Kenneth Feinberg para organizar e liderar o Fundo de Compensação às Vítimas, ele e sua sócia tem o imenso desafio de calcular o valor das indenizações. Só que Feinberg é frio e calculista, o que dificulta as negociações com os indenizados nessa situação tão peculiar e sem precedentes; é aí que entra na história Charles Wolf, cidadão que perdeu sua mulher nos ataques e criou um blog muito popular pras vítimas e seus parentes. O talento dos veteranos Michael Keaton e Stanley Tucci faz a diferença e impede que o filme seja só mais um sobre o 11 de setembro - eles dão força e indignação aos personagens com um timing perfeito e diálogos fortes que nos fazem refletir.  Keaton está perfeito como o advogado frio e muitas vezes arrogante com olhar burocrático e tentando achar uma fórmula para calcular vidas. Tucci é o líder comunitário carismático, o lado humano e mediador dos acordos.

A trama comove sem sentimentalismo barato pois a tragédia por si só já toca fundo em todos que a presenciaram, os depoimentos de parentes das vítimas são estarrecedores até hoje. A crítica pesada, revela muito sobre as instituições governamentais que tratam pessoas como dígitos, e também sobre as firmas de advocacia que só estão de olho na sua fatia da indenização.

A diretora Sara Colangelo soube dosar todos os elementos nesse ótimo drama com toques de thriller eletrizante, a emoção é grande e a tensão é garantida pela corrida contra o tempo  e para a adesão do maior número de pessoas possível ao fundo.

Em tempos de pandemia igualmente trágicos, onde somos inundados com números assustadores, o luto precisa ser respeitado e o valor das vidas tratado além de cifrões. Essa reflexão é sempre pertinente diante de qualquer tipo de tragédia humanitária... e elas infelizmente tem sido muitas.


Vale Ver!





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