“Irresistível” é uma divertida sátira das campanhas eleitorais americanas | 2020
NOTA 7.0
Por Karina Massud @cinemassud
Eleições americanas são significado de forte polarização ideológica e de campanhas milionárias com doações jorrando de famílias abastadas que querem seu filão de poder e influência. Os marqueteiros jogam pesado com todas as armas possíveis - escândalos bizarros pipocam aqui e ali e candidatos muitas vezes fabricados para serem impecáveis no seu currículo são maioria. Tudo isso misturado e elevado à enésima potência acaba virando material para roteiros diversos. “Irresistível”, filme lançado direto nos serviços de streaming devido à pandemia; é uma sátira eleitoral do roteirista e diretor Jon Stewart, comediante que apresentava o famoso programa de viés político “The Daily Show”.
Steve Carell é Gary Zimmer, um estrategista político democrata que vê num vídeo viralizado a chance de lançar um candidato novo em folha para as eleições, e por isso ele vai até o interior conservador no Wisconsin para convencer o fazendeiro Coronel Jack Hastings a se candidatar a prefeito. O Coronel é um veterano de guerra ativo na luta pelos direitos da comunidade, e Zimmer vê nele a grande chance de ampliar o espaço dos democratas onde predomina o conservadorismo dos republicanos, e mostrar que até em lugares provincianos existe uma luz no fim do túnel.
As campanhas eleitorais americanas são quase uma caricatura de tanta hipocrisia. Esqueletos saídos dos armários dos candidatos, escândalos sexuais, debates sem fim e doações de milionários que não sabem o que fazer com tanto dinheiro, mas sabem que querem uma fatia do poder. O riso na trama não é fácil, as tiradas são sutis e há que se ter um conhecimento básico dos meandros da política americana, dos estereótipos de democratas, republicanos, dos publicitários selvagens que fazem de tudo pra vencer (até jogar sujo) e da guerra de bilhões de dólares. Boa parte da graça vem do talento de Steve Carell como Gary, um homem sofisticado acostumado com a alta roda nova-iorquina que tem que se adaptar à simplicidade do interior, com suas fofocas e feiras beneficentes, mas também com muito acolhimento com forasteiros como ele.
Jon Stewart poderia ter usado de sua imensa bagagem política de “The Daily Show” para ir mais fundo nas críticas e peculiaridades eleitorais americanas, mas ficou bem na superfície e fez um filme mediano. Isso não diminui o longa, que se não chega a ser um grande filme, ao menos é bem simpático de assistir, que diverte enquanto intriga.
Vale Ver!
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