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'Duna ' é um espetáculo futurista épico na escala que a obra merece | 2021

NOTA 9.5

O fruto da paixão de Villeneuve pela ficção científica  universal

Por Vinícius Martins @cinemarcante 

A definição mais usual para o termo "adaptação" é dada como "transformar uma coisa em outra". Alguns livros (principalmente os do século XXI) são escritos com uma praticidade flexível, visando possíveis adaptações posteriores ao cinema ou ao mercado televisivo (que evoluiu para o streaming). Contudo, em uma contramão colossal ao dinamismo necessário para uma adaptação, 'Duna' se mostrou um desafio enorme de ser convertido em mídia desde o seu lançamento. O livro genial de Frank Herbert - uma obra-prima da ficção científica - é extremamente funcional enquanto escrito, mas suas camadas complexas e emaranhadas entre as linhas de política, religião, misticismo, ecologia e predestinação o tornam uma das obras literárias mais difíceis de se adaptar ao modelo audiovisual. Com as décadas passando, os fãs da obra icônica de Herbert foram aceitando o fato que uma adaptação fiel seria algo que nunca veriam nas telas; mas estavam imensamente enganados. 'Duna' é mais um acerto que confirma o gigantismo de seu diretor, que conseguiu honrar a memória dos fãs e torná-la acessível mesmo para quem não sabe nada sobre o universo fantástico criado por Herbert.


A visão inventiva de fã que o diretor Denis Villeneuve conseguiu transpor das páginas para a tela conseguiu fazer o que era tido como impossível por uma quase unanimidade dos leitores das obras de Herbert: uma adaptação de 'Duna' que mantivesse o espírito da obra e não se desviasse de sua trama e das nuances que seus significados abrangem. Com uma fidelidade brilhante e acréscimos interessantes (além, é claro, de algumas alterações pontuais para um melhor desenvolvimento da própria história - lembre-se da definição de adaptação), Villeneuve apresenta a jornada de Paul Atreides para uma nova geração e explora todos os cantos de Arrakis neste que é o primeiro filme de 'Duna'; isto é, o primeiro conforme anunciado em seu próprio título, durante a exibição. Embora a sequência ainda não tenha sido oficializada pela Warner, todos que assistem 'Duna' concordam que seria um desserviço ao cinema e uma covardia desrespeitosa com os fãs e com o público do primeiro filme caso seja decidido não levar a sequência adiante. É um risco a ser assumido pelo estúdio, principalmente dada magnitude do universo que tem em mãos para esmiuçar. Tentar conceituar 'Duna' em uma sinopse é uma tarefa um tanto ingrata, pois nenhum resumo conseguiria fazer justiça à dimensão da genialidade da obra. Desse modo, vou limitar meu comentário sobre o todo que é  essa adaptação a uma única palavra: sensacional.

'Duna' é um espetáculo, e como tal ele exige e merece que sua degustação seja feita na maior tela possível. O elenco é uma constelação com as mais variadas estrelas de Hollywood, e a história é apresentada de modo que todos consigam  as maravilhas execráveis de Arrakis e suas condições extremas que exigem habilidades de sobrevivência absurdas, ganham dimensões tangíveis quando contemplamos o belíssimo trabalho de detalhamento que a produção escolheu. 'Duna' é de uma perícia técnica absoluta, com uma combinação incrível entre efeitos visuais e design de produção. A trilha sonora de Hans Zimmer é uma das mais inspiradas dos últimos quinze anos, e a fotografia de Greig Fraser é uma das mais belas e consistentes do ano. Como um todo, 'Duna' é o mais puro licor do cinema como arte, como espaço e como técnica. E mais uma vez, Villeneuve conseguiu superar as expectativas postas sobre ele.


Super Vale Ver!



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