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'Stillwater' traz Matt Damon numa jornada de resgate paternal e descobertas | 2021

NOTA 7.0

Por Karina Massud @cinemassud 

Depois de um bom tempo afastado, o astro Matt Damon volta em grande estilo às telonas. Em "Stillwater", filme que foi ovacionado de pé no último Festival de Cannes e agora está no Festival Internacional de Cinema de São Paulo, ele vive  Bill Baker, um típico "redneck" (caipira) sulista americano, conservador, cheio de fé mas que dificilmente demonstra suas emoções, simplório mas prático no seu modo de viver, um homem que parte para se redimir com a filha. Ele tem os trejeitos, sotaque e todos os preconceitos inerentes a eleitores de Donald Trump, lutando para se ajustar à língua e costumes franceses, pois sempre vai achar que os EUA são o centro do universo. 

O roteiro é baseado no caso real  “Amanda Knox”, um misterioso assassinato ocorrido na Itália envolvendo várias pessoas que até hoje continua envolto em suspeitas - a própria Amanda Knox atacou o filme alegando que está sendo promovido às suas custas. Bill (Damon) é um pai que vai de Oklahoma até  Marseille, na França,  visitar sua filha Alisson (Abigail Breslin, de “Pequena Miss Sunshine”) que foi presa e condenada por assassinar a namorada. Ela alega ser inocente, e durante a estadia de seu pai surgem evidências que podem causar uma reviravolta no caso. Bill conhece a atriz Virginie (Camille Cottin, que se destaca por ser o contraponto ao conservadorismo do protagonista) e sua filha Maya, de quem vira amigo e acaba por transferir toda a paternidade que não viveu com sua filha para a francesinha fofa - é a vida dando uma segunda chance para ele; tal história é muito boa e envolvente e por isso carecia de mais desenvolvimento.

O filme não tem grandes arroubos, a narrativa caminha tranquila, diria até arrastada, pois as cenas de Bill caminhando pelas ruas de Marseille e entrando e saindo da prisão se repetem à exaustão sem nada acrescentar à trama. No entanto as belas paisagens da cidade são um deleite de lugares ensolarados que parecem abraçar a todos, em contraste com a melancolia da personalidade de Bill, que parece estar mais a vontade no porão úmido e escuro da casa do que a céu aberto nas ruas da cidade. O tormento interno de Bill e a ambiguidade do misterioso assassinato são o que nos prendem. 

O longa tinha muito potencial se focado  apenas na relação conturbada e mal resolvida entre pai e filha  e no estudo psicológico desses personagens que tem bastante a oferecer. Mas tudo ficou disperso entre a nova relação de Bill com a família francesa, além das críticas ao conservadorismo americano e  as investigações do assassinato que apresentam coincidências bem toscas e difíceis de engolir.  O diretor e roteirista Tom McCarthy (vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original pelo ótimo “Spotlight: Segredos Revelados”) tratou tudo com superficialidade, e o filme virou uma colcha de retalhos de assuntos diversos e mal concluídos em 2h20min, tempo mais do que suficiente para uma maior profundidade. 

"Stillwater" é um drama honesto que cativa pelo desenrolar do caso e pela redenção paternal, e que,  apesar das falhas, é bem agradável de assistir. 


Vale Ver!



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