'O Culpado' : remake de thriller dinamarquês surpreende | 2021
NOTA 7.5
Por Karina Massud @cinemassud
Há quem caia na armadilha de torcer o nariz para remakes, e por isso perdem o prazer de desfrutar de boas produções. Eu já cometi esse erro mas hoje em dia não mais, visto que nem todo remake é ruim. São vários os exemplos de boas refilmagens hollywoodianas de filmes estrangeiros: “Deixe Ela Entrar”, “O Grito”, “O Talentoso Ripley”, “Cidade dos Anjos”. Na longa lista agora podemos incluir “O Culpado”, remake de “Culpa” (disponível na Amazon Prime pra quem quiser conferir) filme dinamarquês de 2018 do diretor Gustava Möller que foi pré-candidato ao Oscar de Melhor Filme Internacional, mas que apesar de excepcional não figurou entre os cinco selecionados. O ator Jake Gyllenhaal comprou os direitos do filme, produziu e atuou nesse lançamento da Netflix dirigido pelo renomado Antoine Fuqua (de “Dia de Treinamento”,“Lágrimas de Sol, “O Protetor”), que não chega a ser excelente como o original mas agrada bastante.
O longa se passa todo num único cenário: uma sala de atendimento do serviço de emergência 911 cheia de telas transmitindo os imensos incêndios florestais na Califórnia, mas nem por isso deixa de ser aflitivo. A tensão e ação insanas são garantidas pelo texto febril e pelo astro Gyllenhaal que não dão brechas para respirar.
Joe Baylor é um policial que está na emergência cumprindo uma punição; ele trabalha, ouve as emergências e exorciza seus demônios no que a princípio se apresenta como um trabalho tedioso. Esse marasmo é quebrado pela ligação de uma mulher que foi sequestrada pelo marido, e tudo vira um caos numa história eletrizante. Jake Gyllenhaal como Joe não está entre as melhores atuações de sua carreira, mas ainda assim está bem; ao contrário do personagem frio e minimalista do filme original, ele está sempre à beira de um colapso, com falta de ar devido à asma e muito suor pingando durante os telefonemas que vão tornando o caso do sequestro cada vez mais complicado.
Diante do pouco tempo entre original e remake é inevitável não compará-los. Em “Culpa”, a angústia vem da simplicidade do cenário, dos silêncios e tomadas em close no rosto e no fone de ouvido do protagonista, recursos que dão margem a muita tensão em cima do que se pode visualizar mentalmente. Já em “O Culpado” tudo é mais explícito - as vozes dos envolvidos, suas emoções, além dos detalhes no cenário.
O thriller fica mais intenso na segunda metade da trama, quando há uma reviravolta que muda todo o curso da história, e no final mais uma revelação chocante te aguarda. Não perca.
Vale Ver!
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