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'Casa Gucci': Ridley Scott se perde em frivolidades mas oferece espetáculo carismático | 2021

NOTA 7.5

Por Rogério Machado 

Para o bem ou para o mal, Ridley Scott já pode ser considerado o cineasta do ano. Afinal, não é pra qualquer um ter dois filmes de grande repercussão lançados dentro de um curto espaço de tempo. Há alguns meses 'O Último Duelo' (também numa parceria com Adam Driver), empolgou crítica e público com uma trama medieval bem cuidada e ainda que, com extenso tempo de tela, fluida. Mas o mesmo não se pode dizer do aguardado 'Casa Gucci', que quando anunciado gerou frisson tanto pelas polêmicas por trás da história do império da família Gucci, quanto pela reunião de estrelas, algo muito comum nas produções do realizador. 

Baseado no livro The House of Gucci: a Sensational Story of Murder, Madness, Glamour and Greed, de Sara Gay Forden, a trama acompanha  Patrizia Reggiani (Lady Gaga), ex-mulher de Maurizio Gucci (Adam Driver), membro da família fundadora da marca italiana Gucci. Patrizia conspirou para matar o marido em 1995, contratando um matador de aluguel e envolvendo outras duas pessoas, incluindo uma cartomante que veio a se tornar sua confidente. Ela foi considerada culpada e condenada a 29 anos de prisão. Em quase três décadas de amor, traição, decadência e vingança, o longa mostra a importância e o poder que o nome Gucci carrega e o quanto a família fez para ter o controle de tudo.

Ridley Scott é uma dessas lendas vivas de Hollywood que ainda fazem filmes. Isso é incontestável. Mas é certo que a sua filmografia, ainda que colecione títulos intocáveis, segue uma metódica muito tradicional na construção de suas narrativas - não que seguir um formato tradicional seja um problema - mas é que escolhas criativas corretas podem ser decisivas para a repercussão positiva de uma determinada obra. Creio ser esse o principal problema de 'House of Gucci', que se prende em explicar demais os bastidores do ruir e  do levantar do império Gucci. As brigas pelas ações, a venda da marca, os bastidores do universo rentável que é a alta moda, enfim, o imbróglio financeiro, tomam pra si todo o tempo de desenvolvimento, e sobra pouco para a razão de ser da obra: os preparativos e a morte de Mauizio Gucci. 

Ainda que falte a pompa e a circunstância, (não dá pra imaginar o universo da moda sem muita lacração), é possível ainda ser fisgado pela habilidade de Scott em dirigir atores. Com exceção de Jared Letto (como o caricato Paolo Gucci, num tom que destoa dos demais), todo o elenco tem bons momentos: destaco a sempre bem dosada performance de Adam Driver; e Lady Gaga, que ainda que fique na fronteira entre o genial e o kitsch, faz de sua Patrizia Reggiani uma força que rege com maestria todas a peças nesse tabuleiro meio bagunçado criado por  Scott. 

Em uma definição prática, é certo dizer que não só os caminhos trilhados pela direção tenham sido equivocados, mas também a montagem da renomada Claire Simpson, que dá ênfase a momentos descartáveis e reduz sequências que poderiam ser melhor degustadas pelo público. Contudo, esse desfile de estrelas (entre elas Jeremy Irons, Al Pacino e Salma Hayek) é deleite para quem estiver pronto para perdoar os deslizes e se deixar levar pelo espetáculo. 


Vale Ver! 




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