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'Galeria Futuro' : comédia promove o desapego com tempero de nostalgia | 2021

NOTA 7.5

Por Rogério Machado 

Se tem um nome promissor entre a nova safra de cineastas brasileiros, esse nome certamente atende por Afonso Poyart ('Mais Forte Que o Mundo - A história de José Aldo' - 2016 ). Com 'Dois Coelhos' (2012), seu primeiro longa, ele chegou com o pé na porta e mostrou que veio com novidades a serem ditas, principalmente no formato.  A estética de 'Dois Coelhos' nunca mais saiu da minha cabeça e é certo que aquele era só o começo.  Em 'Galeria Futuro', onde ele divide a direção com Fernando Sanches ('A Pedra e a Serpente' - 2019),  a roupagem tem humor, mas sem abandonar a inventividade sempre característica de seus trabalhos, independente do público alvo. 

Na trama conheceremos Valentim (Marcelo Serrado), Kodak (Otavio Muller) e Eddie (Ailton Graça). Esses três amigos de infância atravessam aos avanços imobiliários e resistem bravamente como lojistas na Galeria Futuro, um centro comercial no Rio de Janeiro que já teve seus tempos de glória. A beira da falência, a administração da galeria é surpreendida com a proposta milionária de um pastor que quer transformar o local em uma igreja evangélica. Arrasados com a possibilidade de perder suas lojas, o trio precisa encarar o presente e encontrar uma forma de lutar pelo lugar ou seguir em frente de outro jeito. 

A ação se dá através de um baú de drogas descoberto entre as quinquilharias da loja do desleixado Kodak. Essas drogas, que causam uma felicidade absurda em que as consome, até provocam algumas cenas cômicas, mas é com a inserção de um figurão chefe do tráfico local (Milhem Cortaz), que incomodado com o volume de dinheiro movimentado pela 'concorrência', parte com tudo pra cima do trio de traficantes em potencial. É aí que entra em operação o melhor que a dupla de realizadores tem a oferecer, equilibrando humor e ação com refinamento e uma pegada super pop.

É claro que existem vícios que remetem aos discursos prontos de desapego ao passado e reinvenção, mas o pulo da gato de 'Galeria Futuro' - além do timing para a comédia do time escalado - é usar referências que são caras ao público: 'Esqueceram de Mim', 'Kill Bill' e 'Matrix', verdadeiros marcos na história do cinema internacional, são inseridos de maneira funcional na sequência final durante o jogo de gato e rato que se estabelece entre os vilões e os aspirantes a traficantes. 

'Galeria Futuro' é o típico projeto de quem faz cinema porque ama esse ofício  em toda sua amplitude. Antes de tudo, a produção é uma declaração de amor à sétima arte, uma carta de cinéfilos para cinéfilos.


Vale Ver!





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