Adsense Cabeçalho

'Homem-Aranha: Sem Volta para Casa' - As crônicas de uma redenção plurilateral | 2021

NOTA 10

"É só uma árvore, irmão, é só uma árvore"

Por Vinícius Martins @cinemarcante 

Dizem que quem é sábio aprende com os erros dos outros, pois assim não amarga a dor do aprendizado pelo caminho mais difícil. A Marvel levou essa máxima ao extremo e costurou todas as pontas soltas deixadas pelos filmes passados do personagem, principalmente humanizando e resignificando os arcos dos vilões das versões anteriores do Homem-Aranha. A Sony, por outro lado, se tornou sábia; ela alcançou a sabedoria pela via dolorosa do fracasso. O estúdio, que é o detentor de diversos personagens da Marvel (como Venom e Morbius, além do próprio Homem-Aranha) estudou a si mesmo após receber inúmeras críticas negativas oriundas tanto de especialistas quanto do próprio público depois do lançamento de 'Homem-Aranha 3' (2007) e dos dois 'O Espetacular Homem-Aranha', de 2012 e 2014. Essa autocrítica foi fundamental para que 'Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa' funcionasse em sua totalidade, de modo a evitar cometer os mesmos erros do passado.

A maior evidência do acerto que Marvel e Sony alcançaram está na concepção dos vilões. O terceiro filme da trilogia de Sam Raimi e o segundo da era Marc Webb (subintitulado 'A Ameaça de Electro') pecaram no desequilíbrio pelo excesso de antagonistas, promovendo a incoerência dentro de suas próprias propostas e entregando aos fãs narrativas deslocadas e até mesmo vergonhosas. Tal problema, no entanto, não é se dá aqui mesmo apesar da característica similar. O desequilíbrio só não é visto em 'Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa' porque, mesmo tendo todos os principais vilões dos cinco filmes das versões anteriores do Cabeça de Teia, prevalece a jornada do protagonista e o foco em sua missão íntima. Com isso, 'Sem Volta Para Casa' acerta onde os outros erraram e se torna um dos maiores eventos do cinema como um todo, transpassando o gênero de super-heróis.

'Sem Volta Para Casa' é um trabalho magnífico de redenção - isto é, para o personagem título, é claro, mas também para os estúdios e produtores envolvidos. Quando vemos Peter Parker (Tom Holland) tentando consertar sua própria história mudando o passado, é como se víssemos Marvel e Sony entrando em comum acordo sobre os equívocos cometidos em arcos anteriores do personagem e abraçassem isso com carinho, deixando um rico lembrete de que só nos tornamos o que somos hoje através dos erros que cometemos - e que nunca é tarde demais para uma reparação de danos.

Em teor técnico, 'Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa' é um colírio. A trilha sonora composta pelo sempre genial Michael Giacchino (um dos nomes mais notáveis e competentes de sua geração) é uma das mais ricas e completas do MCU, mesclando os temas do Homem-Aranha e dos vilões com a sutileza necessária para evocar a nostalgia sem se tornar refém dela. Fotografia, efeitos visuais, direção de arte, e até mesmo o figurino, que é um dos trabalhos menos notados em filmes do gênero, é um destaque a ser mencionado. Sem mais delongas, o terceiro filme da trilogia dirigida por Jon Watts é um espetáculo a ser contemplado na maior tela possível, com a platéia cheia para testemunhar o ápice do amigo da vizinhança e suas duas cenas pós créditos com toda a megalomania de gritos e homenagens que o filme merece. Aplaudi ao menos dez vezes durante a exibição, e aplaudo agora novamente. Vida longa ao Homem-Aranha! 


Super Vale Ver!



Nenhum comentário