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'Meu Álbum de Amores' : Odair José é homenageado em musical do cineasta Rafael Gomes | 2021

NOTA 8.0

Por Rogério Machado 

O jovem cineasta Rafael Gomes tem se especializado em falar de amor em seus filmes. Mas não de um jeito convencional; o que chama atenção em seus projetos é o quanto o realizador consegue empregar características autorais nos seus trabalhos. 'Música Para Morrer de Amor' e '45 Dias Sem Você' reafirmam o compromisso do diretor em discursar sobre o tema com liberdade criativa que lembra o que vemos muito no teatro, por exemplo. Em seu mais novo filme, 'Meu Álbum de Amores', que teve sua première no Festival do Rio, Rafael Gomes flerta com o musical, muito parecido com o que fez em 'Música Para Morrer de Amor', filme lançado diretamente no streaming em função da pandemia. 


Em 'Meu Álbum de Amores', Gabriel Leone é Júlio, que fica desolado após ter sido dispensado por Alice  (Carla Salle), sua namorada de longa data, quando os dois estavam prestes a se casar.  Para deixá-lo ainda mais sem rumo na vida, ele descobre a existência de um pai biológico que acabara de falecer, deixando para o rapaz uma herança. Instigado pela nova figura que emerge em sua vida, Júlio decide pesquisar a história de seu pai, e nesse movimento acaba descobrindo também uma prática de autoconhecimento.

No longa Gabriel Leone na verdade vive dois personagens; o dentista Júlio e Odilon Ricardo, um cantor de sucesso nos anos 70, com muitos álbuns gravados e o suposto novo pai que Júlio não chegou a conhecer. É dessa forma que a história mistura passado e presente, alternando a vida entediante de Júlio com os flashbacks de um musical estrelado pelo pai. Dessa forma, o filme se transforma em um típico musical, onde Júlio aprende sobre suas origens e descobre um mundo novo. À partir desse momento a desconstrução de um homem se faz.  

A produção é nitidamente uma homenagem, não só ao cantor Odair José - que compôs canções inéditas junto com Arnaldo Antunes para o longa - como também  à música popular brasileira, sobretudo ao brega, que por muito tempo foi considerado um gênero isolado da MPB. 'Meu Álbum de Amores' vem pra tentar driblar esse estigma e provar que a história não é bem assim, e isso com uma direção ágil, lançando mão de muito humor e mais uma vez com a marca pop de seu realizador. É bem verdade que soa inverossímil a maneira como Júlio encara a jornada da descoberta e da ideia de ter um novo pai, mas ainda sim é impossível não se deixar levar pela pegada cômica imprimida na narrativa, a qual devo crédito ao ótimo Felipe Frazão, cujo personagem efusivo se contrasta com a timidez e melancolia de Júlio.

Há uma passagem no longa, protagonizada pela maravilhosa Regina Braga, onde sua personagem diz que ninguém deveria se apaixonar antes dos 40: 'primeiro se vive, depois se ama...'  Nada mais sensato, mas a gente insiste em sofrer a dor inevitável do amor... Pensando bem, se não fosse isso, como histórias assim chegariam até nós? Benditas sejam as experiências. Boas ou ruins... e com muita música brega pra embalar a dor de cotovelo. 

'Meu Álbum de Amores' deve chegar aos cinemas em 2022. 


Vale Ver!






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