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'Indecente' , da Netflix, mira no suspense erótico e acerta no drama morno | 2022

NOTA 5.0

Por Rogério Machado 

Não resta dúvida que fetiche e sexo vendem. No cinema essa mistura já deu certo com alguns exemplos - como 'Instinto Selvagem' (1992) de Paul Verhoeven -  replicado ao longo dos anos com produções de nível e gosto duvidoso. Também existem as grande amostras midiáticas, que não necessariamente ganham o gosto popular ou da crítica mas que invadem o imaginário do público,  dando ao menos o que falar. 'Indecente', que chegou recentemente à Netflix, bebe de tantas referências que em dado momento fica difícil entender o propósito de sua existência.


Baseado na obra de Nora Roberts, a trama segue a proeminente escritora de mistério e especialista em crime, Grace (Alyssa Milano), que precisa deixar as negociações a respeito de um novo livro e voltar para a casa de sua família em Washington, D.C. depois que sua irmã, Kathleen (Emilie Ullerup) com quem não mantinha contato há algum tempo, a chama para fazer uma revelação. 

Depois que um misterioso assassinato acontece, a vida dupla de Kathleen vem a tona. A irmã de Grace, que era uma professora querida onde trabalhava, também ganhava a vida como camgirl e ao que tudo indica mantinha contatos com pessoas perigosas. Usando sua expertise sobre mistério e crime, Grace se esforça para participar das investigações e acaba ganhando a confiança dos detetives do caso.  A medida que Grace é atraída para ajudar a resolver o crime, sua vida se transforma em uma cena de um de seus próprios livros. No entanto, isso não é ficção. Pessoas reais morrem – e Grace pode ser a próxima. 

É curioso como a produção que se vende como um suspense, não se preocupa em nenhum momento em gerar tensão na audiência. A narrativa, cuja edição trabalha de forma linear e sem qualquer brilho, deixa pistas óbvias sobre o suspeito na série de crimes que começam a se abater sobre mulheres que atuam como dominatrix, ofício o qual Kathleen exercia de maneira secreta. É claro que algumas distrações são inseridas: como o ex marido de Kathleen, que havia se tornado persona non grata em função da guarda do filho do casal, mas nada que chegue a sacudir peças no tabuleiro, - sempre muito arrumado e bem disposto -, o que, numa obra desse nipe, chega a incomodar bastante. 

'Indecente' é tão comportado e kitsch que até o título nacional não lhe parece cair bem. As comparações com 'Cinquenta Tons de Cinza' (outra obra questionável, como todos sabem) também não são pertinentes, uma vez que ao menos cenas picantes e química entre o casal protagonista pode ser notado em qualquer uma das sequências do furacão midiático de E. L. James. Aqui, o máximo que conseguimos ver é um casal forçado e um romance mal construído - entre Grace e Ed (Sam Page), um dos detetives encarregados da investigação - que se encaixa confuso no meio de um roteiro que não caminha pra lado algum. 

A nova produção Netflix usa um título batido como isca para arrebanhar uma clientela aficionada por soft porn, porém sinto dizer: 'Indecente', como um suspense erótico intrigante se sai muito bem como um dramalhão arrastado e sem emoção. 


Nem Vale Ver!





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