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Joel Coen propõe uma versão sóbria do clássico shakespeariano em 'A Tragédia de Macbeth' | 2022 - Crítica 2

NOTA 8.0

Por Eduardo Machado @históriadecinema 

Os irmãos Coen são conhecidos no mundo do cinema por reinventar e modernizar gêneros que antes poderiam ser chamados de ultrapassados. O “western”, a comédia ou o musical são diferentes nas mãos dos irmãos. Claro, com o devido respeito ao passado, mas sempre imprimindo seu próprio estilo. Em seu primeiro filme solo, Joel Coen adapta para o cinema uma das peças de teatro mais famosas de todos os tempos sem deixar a ousadia que sempre marcou a sua trajetória de lado. 


A história é simples: Macbeth (Denzel Washington), encontra três bruxas (Kathryn Hunter) que profetizam que ele se tornará o rei da Escócia. A profecia induz Macbeth à ação. Encorajado por sua esposa, Lady Macbeth (Frances McDormand), ele assassina o rei Duncan (Brendan Gleeson) e toma o trono para si. Manter a coroa, entretanto, se torna algo problemático, especialmente quando outros questionam a legitimidade de seu governo.

Coen mantém a autêntica linguagem shakespeariana e a coloca dentro do contexto de um design de produção com tons de artificialidade, quase um teatro filmado. Impõe ao filme, todo rodado em um preto e branco sombrio, uma vibração expressionista interessante que nem sempre funciona, mas adiciona um estilo noir e intimidade às cenas.

A escolha dos protagonistas também é bastante audaciosa. Os papéis de Macbeth e sua esposa são geralmente preenchidos por atores mais jovens. O desejo de ambos pelo poder geralmente recebe uma dimensão febril e sexual, como Adão e Eva. Mas Coen não apenas cercou seus protagonistas com performances firmes e moderadas, como também orientou Washington e McDormand a adotar uma abordagem mais cansada e fria. Este casal possui a resignação silenciosa que vem com a idade. O Macbeth de Coen é menos um rei louco e mais alguém cansado de ser desimportante.

A ressalva, como dificilmente seria diferente na adaptação direta de um texto escrito há 400 anos, é que “A Tragédia de Macbeth” exige um esforço do espectador, na medida em que o diálogo erudito shakespeariano precisa ser processado. Coen não fez Shakespeare para as massas, mas para um público-alvo bem definido. Porém, sem dúvidas, os amantes de cinema saberão reconhecer o trabalho de um mestre.


Vale Ver!


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