Mila Kunis vive uma dependente química no drama 'Four Good Days' | 2021
NOTA 7.0
Por Rogério Machado
Muita gente conhece o termo 'Oscar bait', mas pra quem ainda não ouviu a respeito, eu explico: a expressão americana muito usada no meio cinematográfico se aplica a produções que são geradas única e exclusivamente para cavar premiações na temporada, geralmente são títulos estrelados por nomes de peso e com tramas pesadas, que não raramente caem no gosto da academia. Mas não raras vezes também, o 'tiro que sai pela culatra' se repete e sobram apenas o 'shade' dos louros reservados ao Framboesa de Ouro, aquele que premia os piores do ano. 'Four Good Days', que está disponível no YouTube Filmes, se encaixa no perfil, muito embora não se configure exatamente como uma produção ruim.
Baseado na história real que deu origem a um artigo do Washington Post, 'Four Good Days' acompanha Deb (Glenn Close), uma senhora trabalhadora e simpática que vive em completa paz com o seu atual marido, Chris. A sua tranquilidade é interrompida quando a sua filha que é dependente química, Molly (Mila Kunis), reaparece e pede ajuda para se desintoxicar. Depois de muito resistir a confiar novamente na filha, Deb leva Molly à uma clinica de reabilitação e lá recebe a notícia de que existe um possível tratamento, mas existe também uma condição para isso: Molly precisa de se manter limpa durante quatro dias.
Muitos caminhos poderiam ter sido tomados nessa tentativa de resgate da relação entre mãe e filha, mas a direção do colombiano Rodrigo Garcia (que já havia trabalhado com Close no excepcional 'Albert Nobbs' em 2011), opta por criar um clima de embate entre as duas, além de reforçar a desconfiança da mãe e o apego à um passado recente que torna o desenvolvimento maçante e repetitivo. Com atrizes tão grandiosas em cena, o que se esperava era um roteiro menos amarrado e redundante. Contudo, mesmo com tantas amarras impostas por um enredo fraco, as atrizes ainda conseguem promover algumas cenas dignas da carreira que construíram: Kunis, irreconhecível, com prótese, maquiagem e visual desprovido de qualquer vaidade, estabelece uma conexão comovente com a veterana Glenn Close, sempre uma aparição até em papéis rasos.
'Four Good Days' é uma história sobre recomeços e renovação da fé no outro. Um drama que tinha muito a dizer, mas que infelizmente se contentou em apenas demonizar as vítimas da dependência química e ruminar o discurso da impotência. Mas como cinema sempre tem lá suas surpresas, a cena final deixa um recado tão poderoso e com tanta sensibilidade, que será impossível não se pegar pensando a fundo sobre o valor das coisas, e claro, das pessoas.
Vale Ver!
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