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“The Beatles – Get Back” é um mergulho no processo criativo da maior banda de todos os tempos | 2021

NOTA 10

Por Karina Massud @cinemassud 

Lá se vão 53 anos desde a última apresentação  pública dos Beatles e eles ainda causam burburinho, afinal de contas são a maior banda da história, músicos e compositores geniais, revolucionários e únicos. 

Em janeiro de 1969 os Beatles se reuniram para ensaiar o novo álbum “Get Back” (que depois teve o título trocado para “Let It Be”) para gravá-lo ao vivo, e esses encontros, que foram documentados em 60 horas de vídeo e 150 de áudio, tiveram trechos lançados como documentário junto do disco; o restante ficou arquivado todos esses anos por decisão da banda. Agora a Disney + lança um documentário em três partes onde o diretor Peter Jackson ( de “O Senhor dos Anéis”) compila  com brilhantismo os melhores e mais importantes momentos desses registros, trazendo à luz como foram os derradeiros momentos da banda de Liverpool.

A produção capta com precisão a atmosfera tensa pré-rompimento; o final era iminente e talvez todos ali soubessem mas não tinham coragem de admitir. Depois da morte precoce do empresário Brian Epstein e do vício em heroína de John Lennon, a banda entrou num caos total e era difícil a convivência dos quatro egos, com cada um seguindo caminho solo; eles discutiam por questões administrativas e musicais e pouco chegavam a um acordo. Yoko Ono não foi a causa do fim dos Beatles, ela era onipresente e até chatinha com seus “gritos de baleia”, e foi tomada como o bode expiatório por décadas. Hoje fica nítido que Yoko não foi culpada, e até mereceria uma retratação por parte do público que um dia a condenou. 

O clima das reuniões voltou a ficar leve quando, sempre sob a liderança de Paul, eles decidiram cancelar o programa de tevê e a gravação ao vivo e mudaram do galpão de Thickerham pro lendário estúdio da Apple na Abbey Road. Foi aí que chegou por acaso o genial tecladista Billy Preston, que foi convidado a participar do álbum e restaurou a alegria em tocar que a banda havia perdido há tempos, ele até foi tido como o 5º Beatle na produção.

Peter Jackson não mostra só os momentos difíceis: com a câmera intimista e em imagens e som de altíssima qualidade, ele passeia por cada acorde, refrão  e brincadeira de John, Paul, George e Ringo, que só provam sua genialidade, sintonia e timing perfeitos. Um turbilhão de emoções  vem em momentos diversos: nos olhares entre John e Paul, na cumplicidade entre os músicos que não precisavam de palavras pra compor clássicos, e no famoso show no telhado. Do nada George Harrison cantarola “Something”, Paul cria com John “Get Back”, “The Long and Winding Road”, “Let It Be”. E nada de menosprezar George Harrison e Ringo Starr, ali ninguém é inferior, todos são monstros e tocam muito. 

Para os beatlemaníacos cada minuto das quase oito horas de “The Beatles – Get Back” é um deleite; para os que surpreendentemente ainda não conhecem seu trabalho,  uma descoberta fantástica. Ao final desse documentário precioso, é inevitável não sentir, além do natural deslumbramento, um grande aperto no coração, pois no telhado da Apple acontecia a última performance pública da banda, no dia 30 de janeiro de 1969, meses depois eles romperam oficialmente. E, tolos e hipnotizados por tantas cenas inesquecíveis, ainda temos a doce ilusão de que o final poderá ser diferente e eles continuarão juntos nos encantando com suas canções. Mas não, o sonho acabou ali. No entanto seu legado continua para sempre.


Super Vale Ver!




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