“O Canto do Cisne”: Sci-Fi da Apple Tv+ tem Mahershala Ali em dose dupla em uma discussão sobre imortalidade | 2021
NOTA 7.5
Por Eduardo Machado @históriadecinema
Imaginem se pudéssemos criar clones nossos, idênticos, e prolongar a nossa existência física na Terra? Imagina se você, com uma doença terminal, recebe a proposta para que um clone seu substitua você perante a sua família, evitando que seus filhos cresçam órfãos e que sua esposa viva sozinha?
Evidentemente que esse plano só pode funcionar se os seus familiares e todas as pessoas próximas a você não tiverem conhecimento da sua doença e, muito menos, da sua ideia de incluir uma cópia sua dentro de casa. Mas se o clone que me substitui é perfeito, idêntico a mim, por qual motivo devo contar às pessoas que estou morrendo? A pergunta que o diretor Benjamin Cleary joga no ar durante o filme é: vale mais sermos sinceros com aqueles que amamos ou é melhor omitirmos a verdade para evitar a dor da perda?
Cameron Turner, interpretado pelo sempre brilhante Mahershala Ali (pela primeira vez como protagonista no cinema), vive esse dilema e quer evitar que sua esposa, Poppy (Naomie Harris), repita o trauma recente da perda de seu irmão gêmeo, Andre (Nyasha Hatendi), por isso procura o laboratório.
Mas nada é simples em uma discussão como essa. Assim, nesses momentos de dúvida do protagonista, encontramos o ponto alto do filme na dupla performance de Mahershala Ali. São poucos os encontros de Cameron com o seu clone, mas, quando eles acontecem, o ator vencedor de 2 Oscars mostra todo o seu talento. São 2 corpos, com as mesmas memórias, porém desejos diferentes. É como se uma cópia nossa viesse à nossa frente escancarar na nossa face todos os nossos medos. O medo de ser deixado para trás é, abruptamente, confrontado pela vontade de viver, que, paradoxalmente, também é sua.
O admirável universo construído pela direção e pela equipe de design de produção parece muito com o nosso, pois, embora, no futuro, grande parte das inovações tecnológicas ali demonstradas estão, realmente, a um passo de serem concretizadas. Lentes de contato inteligentes, carros autônomos, computadores ultrassensíveis, estão logo ali, o que torna ainda mais impactante a questão dos clones. Será que muito em breve seremos nós a viver o dilema de Cameron? Diante das incertezas da vida, a morte continua a ser a única certeza que temos. Até quando?
Vale Ver!
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